UMA LOURA À JANELA - 21

CAPÍTULO DEZ

A AMEAÇA VEM PELO TELEFONE

James Todd desligou. Estava decidido a fazer exatamente o que dissera. Fora um tolo em não confiar, desde o início, tudo o que sabia ao tenente O’Connor. De fato, tinha sido um idiota em tirar Mary Brown do quarto do hotel. Entretanto, ele não possuía meios de saber que alguém – possivelmente o assassino – entraria no seu apartamento e a raptaria.

Já estava saindo do escritório, quando o telefone tocou.

– Pode deixar que eu atendo – disse, ao perceber que Tommy Logan se dispunha a atender a ligação.

A voz que falou do outro lado da linha estava obviamente disfarçada, mas havia nela algo familiar, que intrigou e exasperou o detetive.

– Escute bem, bisbilhoteiro! – Disse a voz. – Se você deseja chegar à idade de ser avô, abandone o caso Desmond Farrell. Você foi contratado para participar de uma farsa que serviria de motivo para um divórcio. Mas as coisas não deram muito certo. Agora, já não tem mais nada a ver com isso. Embolse o dinheiro que recebeu e desista do resto. Caso contrário...

– Obrigado – interrompeu James. – Pode me dizer seu nome, já que está sendo tão amável comigo?

Ouviu-se uma sonora gargalhada. Depois, a voz respondeu:

– Acha que eu iria lhe dizer meu nome, paspalhão?! Não sou nenhum idiota, nem estou brincando. Você não sabe no que está se metendo e com quem está lidando. Não hesitarei em tirá-lo do caminho, se necessário. Que lhe sirva de advertência o que aconteceu com John Sanders. Ele se achava muito esperto e em condições de impedir as coisas. Acabou se dando mal. A mesma coisa acontecerá a você, se insistir em meter o nariz nisso! Eu não ameaço em vão!

O telefone foi desligado.

James colocou o fone no gancho. Tentava descobrir de quem era a voz. Tinha a certeza de que a ouvira em algum lugar... e há pouco tempo.

– Era o tenente O’Connor de novo? – Perguntou Tommy

– Não, não era O’Connor – foi a resposta de James. – Mas o sujeito que ligou tem a mesma ideia do tenente. Está muito preocupado com a minha vida e o meu bem-estar.

Tommy olhou para o seu chefe e encolheu os ombros. Normalmente, James informava-o de tudo; mas, já que o chefe não queria falar muito, não devia se intrometer.

– Se o senhor vai ficar aqui, eu vou sair, para comer alguma coisa – falou Tommy.

James sorriu. Gostava do zelo com que seu assistente se dedicava ao escritório, nunca se afastando dele, sempre esperando que qualquer coisa acontecesse.

– Perfeitamente – concordou James. – Eu tomo conta da fortaleza, enquanto você vai almoçar. Na volta, traga-me uns dois sanduíches e um litro de leite.

Tommy apanhou o dinheiro que James lhe estendia e saiu.

James começou a pensar na ameaça que recebera. Não restava a menor dúvida de que a pessoa que ligara era a mesma que telefonara para a polícia. E o detetive apostava a sua cabeça como era o próprio assassino.

– Seja como for, – pensou em voz alta, – devo estar bem próximo da solução do caso. Ou o sujeito não tentaria assustar-me!

continua na próxima sexta-feira

R F Lucchetti
Enviado por R F Lucchetti em 01/04/2016
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