UMA LOURA Á JANELA - 17

Por um longo momento, Verna Vale não deu a resposta. Parecia estar pensando. Por fim, disse:

– Você deve compreender, James, que estou contente pela morte de Darrell Desmond. Ele era uma víbora, e eu não pretendo a ajudar a condenar o homem que o matou. Como todo mundo, tenho capítulos na minha vida que prefiro conservar ocultos... E este assunto está ligado a um desses períodos. Sabe, eu reconheço a faca como uma que dei a um homem, alguns anos atrás. Um homem que eu julgava morto. Posso jurar que é a mesma faca. Porque trabalhei durante horas... esculpindo-lhe o cabo. Gosto de fazer trabalhos de artesanato. Ajuda a relaxar, acalma os nervos.

O quadro que James estivera formando ruiu totalmente. Agora, outro quadro começava a formar-se.

– Você precisa falar! – Explodiu ele. – Este é um caso de assassinato! Não tem o direito de encobrir um assassino cruel!

– Quem matou Darrell Desmond não cometeu assassinato – replicou ela dura e friamente.

– Esse é o seu julgamento!

– Não me peça para dizer o nome de quem o matou. Eu nunca falarei, a menos que seja necessário, para salvar uma pessoa inocente.

James percebeu que nada demoveria a mulher de sua decisão. E, sem se despedir, saiu do apartamento. Depois, dirigindo o carro, refletiu:

“Verna não sabia que Sanders havia me contado que os dois se casaram há alguns anos e que ainda estão casados. Portanto, foi o mesmo que revelar o seu nome, quando disse: ‘Eu reconheço a faca como uma que dei a um homem, alguns anos atrás. Um homem que eu julgava morto.’ Esse homem não é outro, senão John Sanders.”

James Todd rememorou os fatos que tinha. Tudo combinava. Sanders encontrava-se no Hotel Continental na hora do crime e vangloriava-se de saber o que estava acontecendo. Naturalmente, ele precisou trabalhar rapidamente e teve muita sorte para conseguir matar o detetive do hotel e retirar do quarto o cadáver de Darrell Desmond... Teve de fazer tudo isso, sem levantar suspeitas e antes da chegada da polícia. Provavelmente, estivera o tempo todo escondido em algum quarto próximo. Talvez no 805, do outro lado do corredor.

Era mesmo possível que Sanders houvesse roubado a câmera, corresse ao 804, matasse Drake e arrastasse o corpo de Darrell Desmond para fora do quarto. Entretanto, Verna Vale disse que havia ajudado a levar o corpo do ator para fora do hotel. Isso também era possível. Na verdade, ela disse que o tinha ajudado a deixar hotel. Mas podia estar mentindo. Desmond já podia estar morto, e Verna ajudou o assassino a retirar o corpo do hotel... Tudo era possível.

Porém, havia algo que intrigava James: o roubo da câmera. Afinal, por que Sanders daria o filme a Verna Vale, se ele poderia incriminá-lo?

A verdade é que tudo estava confuso; e, a cada hora, tornava-se mais confuso ainda.

continua na sexta-feira

R F Lucchetti
Enviado por R F Lucchetti em 07/03/2016
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