UMA LOURA À JANELA - 15

CAPÍTULO OITO

UM ENCONTRO COM VERNA VALE

O Edifício Lennox era um prédio de seis andares. Entrava-se por um saguão atapetado de vermelho e no qual havia dois grandes vasos com begônias. Não tinha porteiro. Percebia-se, de imediato, que, quando fora construído, provavelmente no início dos anos 1950, tinha sido ocupado por pessoas endinheiradas. Agora, seus moradores eram principalmente estrelas decadentes.

James Todd tomou o elevador; e foi a própria Verna Vale que lhe abriu a porta, quando ele tocou a campainha.

Os olhos da atriz iluminaram-se, ao ver o detetive. E seus lábios abriram-se num largo sorriso.

– Estou feliz em vê-lo, James! – Exclamou Verna. – Entre...

James entrou. Ficou impressionado com a aparência de frescor de Verna. Não devia ter dormido mais de duas horas e, todavia, em seu rosto não havia o menor indício de fadiga. Ela usava uma blusa, que mais parecia ser uma camisa masculina, e uma graciosa e curta saia florida. O cabelo solto caía-lhe em ondas até os ombros.

– Esperava que viesse mais cedo – falou a mulher, trocando o sorriso por um ar de censura.

– Por que não assobiou? – Replicou o detetive. – Talvez eu atendesse, como um cachorrinho domesticado.

– Não achei graça...

– Mas eu não disse nada engraçado. Eu tenho um negócio, sabia? Antes, tive de passar no escritório e...

– O trabalho de detetive é um negócio lucrativo?

– Depende...

– Mas deve ter muitas garotas a seus pés, não? Nós, mulheres, gostamos de sujeitos como você, que vivem perigosamente.

Verna Vale sentou-se num confortável sofá e indicou a James o assento a seu lado. Porém, o detetive preferiu sentar na poltrona em frente.

– Você não gosta nem um pouquinho de mim, James? – Perguntou Verna, com voz lânguida. – Não sou o seu tipo? Conheço alguns truques, poderia lhe ensinar uns dois ou três...

– Já percebi que é uma mulher cheia de talentos, srta. Vale.

Enquanto dizia isso, James sentiu o sangue subir-lhe à cabeça. Não podia fingir-se indiferente à maneira pela qual Verna Vale o tentava. A atitude familiar que ela assumia em relação a ele embaraçava-o. Era uma mulher capaz de perturbar até o mais puro dos mortais.

– O meu telefonema não o deixou intrigado? Ou melhor: não lhe despertou a curiosidade? Penso que a curiosidade é um fator importante em seu negócio. Ou não? – Arrematou a atriz.

James a olhava, mas evitava deter-se em algum ponto de seu corpo. A saia mostrava que era mesmo muito curta, revelando mais do que devia.

– Confesso que sua ligação me deixou curioso – informou James. – Quem lhe entregou o pacote?

– Isso eu já lhe disse por telefone: alguém ligou para mim e avisou que iria mandar para mim um pacote com uma cópia do filme.

– Era voz de homem?

– Sim. E também falou que dez minutos depois eu poderia descer até o saguão e pegar o pacote. Fiz o que ele mandou; e, realmente, lá estava o pacote. Antes de desligar, o tal homem disse que, em certo trecho do filme, está revelada a identidade do assassino de Darrell Desmond.

continua na próxima sexta-feira

R F Lucchetti
Enviado por R F Lucchetti em 19/02/2016
Código do texto: T5548597
Classificação de conteúdo: seguro