MONUMENTO EM FORMA DE MULHER (CAPÍTULO 4)
Devido as múltiplas fantasias ensandecidas que se emolduraram em minha cabeça, acabei perdendo a noção das horas; olhei no relógio e percebi a dimensão de meu atraso no trabalho. Apesar da falta de tempo, segui o curso natural dos movimentos de observação haja vista a oportunidade que poderia me escapar. Diante das circunstâncias, entonei vida e fluidez na ação com a criatividade de um menino do campo que prepara com apreço uma arapuca, segui firme na rocambolesca encenação, tomando postura de um ator resoluto, entrei na loja e deixei que a fala inaugural fosse assentida pela sorte.
O "monumento" feminino encontrava-se nos fundos do estabelecimento comercial, com a atenção compenetrada em valores monetários da aquisição "fashion" que havia comprado, caminhei lentamente em direção ao caixa, no sentido contrário, afim de provocar a troca de olhares. Naquele momento, meu corpo chamuscava de sôfrega ardência, ela passava retumbante por mim exalando glamour e elegância, meu olhar converteu-se acintosamente nas pupilas de um gavião que mira com veemência sua presa.