UMA LOURA À JANELA - 12
A aurora começava a despontar, quando James estacionou o carro diante do prédio onde morava a bela Verna Vale. Ele passara a viagem toda até o outro lado da cidade interrogando-a e tentando convencê-la de que não tinha a câmera e sabia do caso menos do que ela.
– A câmera havia desaparecido, quando fui buscá-la – informou. – Evidentemente, alguém a desejava tão ardentemente quanto a senhora.
A mulher suspirou e lançou-lhe um olhar vampiresco, talvez julgando estar diante das câmeras.
– Eu creio em você, sr. Todd – falou. – Confio em você e tenho simpatia por você – e aconchegou-se mais um pouco, um tanto mais do que devia.
Constrangido, James encostou-se junto à porta do carro.
– Gostei de você, desde o momento em que o vi no elevador – continuou Verna. – E preciso conseguir esse filme. Quer aceitar o encargo de encontrá-lo para mim?
– Mas eu não...
Verna pôs a mão no braço de James, num gesto de mulher que está acostumada a ver os homens a aceder aos seus menores desejos.
– Diga-me que aceita! Vou me sentir muito mais segura com você ao meu lado.
Tirou uma pequena chave da bolsa e entregou-a para o detetive, com uma expressão enigmática nos olhos.
– O meu apartamento é o 4-B. Quando quiser, pode me visitar. Se eu não estiver, pode entrar e ficar à vontade.
James encolheu os ombros e pegou a chave. Era mais fácil fazer isso do que discutir com ela. Não gostava nem um pouco de ficar com aquela chave, pois não acreditava na total inocência de Verna. Porém, não havia nada que pudesse fazer... por enquanto.
CAPÍTULO SEIS
UMA ASSOMBROSA REVELAÇÃO
James Todd retornou ao seu apartamento. Tinha a intenção de dormir algumas horas. Entretanto, não havia nem tirado o paletó, quando ouviu a campainha da porta.
– E, agora, quem será? – Perguntou a si mesmo. – Ninguém dorme nesta cidade?!
Ficou surpreso, ao verificar que o novo visitante era John Sanders. O repórter tinha os olhos vermelhos, indicando que ainda não tinha dormido.
– Pode convidar um homem para entrar? – Indagou. – Ou só admite visitas femininas?
Lançando-lhe um olhar frio, James deixou-o entrar e disse:
– Pode entrar. Mas que quer dizer com essa insinuação a respeito de visitas femininas?
– Que tal um drinque?
James indicou a garrafa de uísque na mesinha. Sanders encheu um copo até a metade e bebeu de um só gole o conteúdo.
– Eu precisava disso... – Anunciou o repórter. – Obrigado.
– Muito bem. Agora, responda: que história é essa de visitas femininas? E a que devo a honra de estar me visitando?
– Sei que não vai nem um pouco com a minha cara. E eu também não simpatizo com você. Entretanto, penso que devemos deixar tudo isso de lado. Talvez possamos nos ajudar mutuamente. Agora, a respeito de visitas femininas... Há cerca de duas horas, vi Verna Vale entrar aqui. Depois, vi vocês dois em seu carro. Você a levou para casa, não?
O detetive fez um gesto afirmativo com a cabeça.
– Então, fiquei à espera que você voltasse – completou o repórter. – Não sei ainda qual é o seu papel neste caso. E nem me interessa saber. Se foi você quem liquidou Desmond Farrell, fez um bom trabalho. Ele merecia mesmo morrer como um rato.
– Você está interessado em quê, especificamente?
– Meu interesse é Verna Vale e estou disposto a trocar informações com você. E já vou lhe fazer uma pergunta direta: por que ela veio até aqui?
– E por que eu deveria lhe dizer? – Replicou James.
Sanders bebeu outro meio copo de uísque, antes de responder:
– Porque Verna Vale é minha mulher!
continua na próxima sexta-feira