UMA LOURA À JANELA - 11

Havia qualquer coisa de urgente – e até mesmo certo nervosismo – na maneira como ela falava. James percebeu isso.

– Que sabe a respeito da cena do Hotel Continental? – perguntou ele.

– Sei tudo, sr. Todd. Foi meu marido quem procurou os seus serviços e preparou a cena. Concordamos com o divórcio, mas outras forças... Bem, seja como for, o filme é minha única esperança de me livrar de um assunto terrivelmente desagradável.

James ofereceu-lhe um cigarro. Ela não aceitou.

– Vamos, sr. Todd! Não posso ficar a noite toda parada aqui! – A voz revelava todo o desespero que a mulher sentia.

– Tenha calma, srta. Vale. Deveria se sentar. De pé, irá se cansar.

– Não vou me sentar!

– Tudo bem. Quer dizer que Darrell Desmond era seu marido? Esse fato é de conhecimento público?

Verna Vale relanceou-lhe um olhar assustado e indagou:

– Como soube que o homem era Darrell Desmond? Já revelou o filme?

– Isso não vem ao caso. Mas a senhora não respondeu à minha pergunta.

A mulher hesitou por alguns instantes. Depois, falou:

– Ninguém sabe disso. Nós nos casamos secretamente, há alguns anos. Foi um erro, entende? – A seguir, mudando o tom de voz, suplicou: – Por favor, entregue-me o filme. Preciso dele, para me livrar de uma situação extremamente odiosa.

– Sinto muito. Não posso entregar-lhe o filme – replicou James. – Ele está ligado a um assassinato. A polícia irá querê-lo como prova.

– Assassinato?! – Perguntou Verna Vale, empalidecendo. – O senhor está enganado. Ninguém sofreu nada! Preciso desse filme! Ele é vital para mim!

– Sinto muito! Não posso entregá-lo!

– Escute. Dou-lhe a minha palavra de honra! Ninguém sofreu nada, sr. Todd. Foi tudo uma farsa... As coisas iam bem, até que Darrell perdeu a cabeça e começou a ficar entusiasmado com... a moça que contratamos para a “encenação”. Ela, então, golpeou-lhe a cabeça com um vaso. Ele ficou apenas atordoado. Eu sei disso, porque o ajudei a deixar o hotel. E a moça desapareceu. Creia-me. Essa é a verdade. A polícia não encontrou nenhum cadáver, encontrou?

James Todd calculou que Verna Vale sabia de mais coisas do que tinha revelado; porém, estava sendo sincera, ao afirmar que Darrell Desmond não havia morrido.

– Pagarei dez mil dólares pelo filme! – Anunciou a mulher, retirando outro maço de cinco mil dólares de dentro da bolsa.

James encolheu os ombros e assobiou mentalmente. Dez mil dólares eram muito dinheiro. A atriz queria realmente o filme.

– Sinto muito. Não posso entregá-lo – disse o detetive.

– Por favor, sr. Todd. Venda-o para mim. Significa a minha felicidade!

O detetive balançou negativamente a cabeça e, alguns minutos depois, levava em seu carro a mulher para casa.

continua na próxima sexta-feira

R F Lucchetti
Enviado por R F Lucchetti em 15/01/2016
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