UMA LOURA À JANELA - 10

CAPÍTULO CINCO

A VISITANTE NOTURNA

Depois que Tommy Logan e o tenente O’Connor se foram, James Todd sentou numa cômoda poltrona e rememorou os acontecimentos. Não havia nada a que se apegar e não sabia o que fazer. A moça loura, assim como a câmera, desaparecera. E ele só tinha uma descrição da mulher que viera ao escritório com Darrell Desmond... E, para complicar as coisas, suas impressões digitais estavam no cabo da faca assassina!

Seus pensamentos foram interrompidos pela campainha da porta.

Quem bateria à porta àquelas horas?!

Fosse quem fosse, estaria preparado; pegou a arma que deixava guardada numa das gavetas do móvel da sala.

Com a automática .38 em punho, dirigiu-se à porta, imaginando que talvez fossem os raptores da lourinha que voltavam. Mas, quando abriu a porta, seu queixo pendeu e também o revólver. O visitante, ou melhor, a visitante noturna era a beleza de véu, que tinha encontrado à tarde no elevador. E, agora, estava sem véu.

– Sr. Todd? – Perguntou a mulher. – É James Todd, o escritor de livros de Mistério e detetive particular?

James balançou afirmativamente a cabeça. E ela acrescentou:

– Posso entrar?

O detetive deu um passo para o lado.

– Sempre recebe seus visitantes desta maneira tão insólita? – Ao fazer a pergunta, a mulher sorriu. – Peço que não aponte essa coisa horrível para mim! Afinal, sou uma pessoa inofensiva! Não sou capaz de matar nem mesmo uma formiga!

Sem desviar os olhos do rosto da mulher, James esforçava-se para tentar identificá-la. Sabia que já a havia visto antes. Só não conseguia lembrar onde.

– Quem é a senhora e o que deseja a uma hora destas? – Indagou abruptamente, fazendo a mulher perder um pouco de sua segurança.

– Eu... Eu... tinha de vê-lo, sr. Todd – balbuciou ela. – O senhor tem uma coisa de que eu preciso. Eu sou Verna Vale.

Fez-se luz no cérebro de James. Sabia agora porque suas feições lhe pareciam familiares. Verna Vale tinha sido a principal atriz do estúdio Star Pictures, de propriedade de Ryan Grenzeback.

Há alguns anos ela interpretara o grande papel de sua vida. Fora Madeline Usher, na melhor adaptação já feita para o Cinema do clássico conto de Edgar Allan Poe. Depois, seguiu-se uma série de filmes medíocres, que pôs fim à sua carreira e levou a Star praticamente à falência, para desespero de Grenzeback e Gene Trotter, seu principal realizador.

– Estou às suas ordens, Srta. Vale – disse James. – Em que lhe posso ser útil? Por favor, sente-se.

– Prefiro ficar de pé.

James fechou a porta e sentou novamente na poltrona. Ficou olhando para a bela mulher à sua frente. Calculou que ela ainda não tinha completado trinta e cinco anos de idade.

– Eu vim comprar o filme – falou ela, sem rodeios.

– Qual filme?

– O que filmou esta noite – enquanto falava, a mulher tirou um maço de notas de dentro da bolsa. – Aqui estão cinco mil dólares, sr. Todd. São seus, se o senhor me entregar o filme. Asseguro-lhe que não haverá mau emprego do negativo. Mas eu preciso desse negativo.

continua na próxima sexta-feira

R F Lucchetti
Enviado por R F Lucchetti em 08/01/2016
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