O FATOR CAOS capítulo 4 - Desígnio negro
CAPÍTULO 4
DESÍGNIO NEGRO
Embora não lhe agradasse abandonar vítimas à própria sorte, qualquer coisa dizia a Andrômeda que o mais urgente era ler os segredos de Lúpus. E por outro lado, começava a sentir a necessidade de colaboradores humanos. Quando retornasse àquela mansão, já não encontraria mais nada por lá. E como então rastrear aqueles personagens?
Liz pareceu ler os seus pensamentos:
— O carro dos sequestradores ainda deve estar com o seu chip rastreador.
— Provavelmente usarão outro carro...
— Há um Hirondel lá dentro, e já com um besouro de rastreamento.
— Como diz, Liz?
— Eu mesma direcionei o chip pelo rastreamento radascópico até esse carro, que é também um carro inerte. Ninguém percebeu nada.
— Ora viva, Liz. Bom trabalho!
— É, parece que a Liz pensa... contra toda a evidência — observou Leiber, irônico.
— Cale a boca, sua lata de sardinha — disse Liz.
...............................................................
Everett, o velho mordomo, estava preocupado:
— Perguntaram muito pela senhora.
— Você já direcionou tudo para a minha caixa postal?
— Sim, mas...
— É muito tarde. Por que ainda está de pé, Everett?
— E a senhora?
Sonia sorriu.
— Estou com insônia. É isso aí. Entendi.
Sonia retornou à parte secreta de sua residência.
— Será que ele pensa que eu sou Dorian Gray?
— O que, Andrômeda? — era Belle.
— Eu creio que alimentei você com esse livro.
— Ah, claro! O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde. O sujeito tinha estranhas ausências, ninguém sabia por onde ele andava...
— É, ele gostava do crisoberilo verde-oliva e do peridoto cor de pistácia...
— O que?! — disse Leiber, abrindo a boca metálica.
— E também do cimofânio de faixas prateadas — completou Andrômeda.
— Humanos não deveriam ter memória fotográfica — sentenciou Belle.
— Eu não sei se ela é humana — disse Liz, intervindo na conversa.
— Bom. Chega. Belle, faça o duplo rastreamento. Eu vou examinar o livro.
— Boa leitura — zombou Belle.
Andrômeda sobraçou o volume e dirigiu-se a uma mesa comprida e com frisos aveludados. Puxou uma cadeira de espaldar elevado e assento verde e depôs a apostila diante de si.
O robô Salk se aproximou.
— Andrômeda, por que você não tira essa máscara? Aqui é o seu esconderijo.
Andrômeda voltou para o robô um olhar gélido e carregado de áscua.
— Esqueça o que eu disse — falou Salk, afastando-se.
Andrômeda levantou a pasta e abriu-a. Folheou-a rapidamente, para calcular o seu tamanho. Então uma fotografia caiu do meio do volume. Intrigada, Sonia pegou a foto, que era vertical 14X9.
Lá estava a fotografia de uma mulher loura, extremamente sensual, seminua e com víboras enroladas nos braços e tornozelos.
Andrômeda deixou escapar uma exclamação abafada:
— A Serpente!
A mão esquerda de Andrômeda cerrou-se em punho, e os dedos da direita fecharam-se ao seu redor.
Leiber se aproximou:
— Que foi, Andrômeda?
— Fora! Vá ajudar Belle!
— Que gênio...
Andrômeda relanceou o olhar até o oratório da Sagrada Família, que ocupava um nicho na parede e estava sempre iluminado:
“Precisarei de sua ajuda espiritual... mais do que nunca. Esse caso é dificílimo.”
Pôs-se então a examinar o documento. Abriu a primeira página, e lá estava em letras góticas:
“Relatório de Lúpus, Mestre Arcano do 7° Grau Esotérico dos Antiguistas:
Proposta de abertura de Portal Dimensional em buraco negro, com simpatia para o universo dos Grandes Antigos.
Substituição do Cosmos pelo Caos no universo local.”
“Isto — pensou Andrômeda — já diz tudo. Mas não será loucura de Lúpus? Como ele poderia conseguir algo desse jaez?”
O texto referia-se claramente à necessidade de recrutar cientistas como colaboradores, afim de montar o aparelho que projetaria o grande Cubo Energético, por onde passariam os grandes Antigos na invasão do universo.
“Eles têm uma nave espacial disponível. Isso é óbvio.”
Sonia pôs seus colaboradores a par do que estava ocorrendo.
— E o que você fará, Andrômeda? — indagou Leiber.
Andrômeda se ergueu. Sua figura alta, empinada, tinha majestade.
— Eu sei onde encontrar a Serpente.
Salk e Leiber se entreolharam incrédulos. A própria Belle chiou:
— Andrômeda, não pode fazer isso. É muito perigoso.
— Grande. Vou me tornar inspetora escolar para pegar alunos fujões.
— Eu não quis dizer isso, Andrômeda, eu...
— Basta! Há coisas muito importantes em jogo. Minha vida não vale nada diante disso.
— A Serpente é capaz de coisas horripilantes — observou Leiber.
— Eu sei. E é por isso mesmo que eu tenho de detê-la.
CONTINUA NO EPISÓDIO
ANDRÔMEDA ENFRENTA A SERPENTE
CAPÍTULO 4
DESÍGNIO NEGRO
Embora não lhe agradasse abandonar vítimas à própria sorte, qualquer coisa dizia a Andrômeda que o mais urgente era ler os segredos de Lúpus. E por outro lado, começava a sentir a necessidade de colaboradores humanos. Quando retornasse àquela mansão, já não encontraria mais nada por lá. E como então rastrear aqueles personagens?
Liz pareceu ler os seus pensamentos:
— O carro dos sequestradores ainda deve estar com o seu chip rastreador.
— Provavelmente usarão outro carro...
— Há um Hirondel lá dentro, e já com um besouro de rastreamento.
— Como diz, Liz?
— Eu mesma direcionei o chip pelo rastreamento radascópico até esse carro, que é também um carro inerte. Ninguém percebeu nada.
— Ora viva, Liz. Bom trabalho!
— É, parece que a Liz pensa... contra toda a evidência — observou Leiber, irônico.
— Cale a boca, sua lata de sardinha — disse Liz.
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Everett, o velho mordomo, estava preocupado:
— Perguntaram muito pela senhora.
— Você já direcionou tudo para a minha caixa postal?
— Sim, mas...
— É muito tarde. Por que ainda está de pé, Everett?
— E a senhora?
Sonia sorriu.
— Estou com insônia. É isso aí. Entendi.
Sonia retornou à parte secreta de sua residência.
— Será que ele pensa que eu sou Dorian Gray?
— O que, Andrômeda? — era Belle.
— Eu creio que alimentei você com esse livro.
— Ah, claro! O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde. O sujeito tinha estranhas ausências, ninguém sabia por onde ele andava...
— É, ele gostava do crisoberilo verde-oliva e do peridoto cor de pistácia...
— O que?! — disse Leiber, abrindo a boca metálica.
— E também do cimofânio de faixas prateadas — completou Andrômeda.
— Humanos não deveriam ter memória fotográfica — sentenciou Belle.
— Eu não sei se ela é humana — disse Liz, intervindo na conversa.
— Bom. Chega. Belle, faça o duplo rastreamento. Eu vou examinar o livro.
— Boa leitura — zombou Belle.
Andrômeda sobraçou o volume e dirigiu-se a uma mesa comprida e com frisos aveludados. Puxou uma cadeira de espaldar elevado e assento verde e depôs a apostila diante de si.
O robô Salk se aproximou.
— Andrômeda, por que você não tira essa máscara? Aqui é o seu esconderijo.
Andrômeda voltou para o robô um olhar gélido e carregado de áscua.
— Esqueça o que eu disse — falou Salk, afastando-se.
Andrômeda levantou a pasta e abriu-a. Folheou-a rapidamente, para calcular o seu tamanho. Então uma fotografia caiu do meio do volume. Intrigada, Sonia pegou a foto, que era vertical 14X9.
Lá estava a fotografia de uma mulher loura, extremamente sensual, seminua e com víboras enroladas nos braços e tornozelos.
Andrômeda deixou escapar uma exclamação abafada:
— A Serpente!
A mão esquerda de Andrômeda cerrou-se em punho, e os dedos da direita fecharam-se ao seu redor.
Leiber se aproximou:
— Que foi, Andrômeda?
— Fora! Vá ajudar Belle!
— Que gênio...
Andrômeda relanceou o olhar até o oratório da Sagrada Família, que ocupava um nicho na parede e estava sempre iluminado:
“Precisarei de sua ajuda espiritual... mais do que nunca. Esse caso é dificílimo.”
Pôs-se então a examinar o documento. Abriu a primeira página, e lá estava em letras góticas:
“Relatório de Lúpus, Mestre Arcano do 7° Grau Esotérico dos Antiguistas:
Proposta de abertura de Portal Dimensional em buraco negro, com simpatia para o universo dos Grandes Antigos.
Substituição do Cosmos pelo Caos no universo local.”
“Isto — pensou Andrômeda — já diz tudo. Mas não será loucura de Lúpus? Como ele poderia conseguir algo desse jaez?”
O texto referia-se claramente à necessidade de recrutar cientistas como colaboradores, afim de montar o aparelho que projetaria o grande Cubo Energético, por onde passariam os grandes Antigos na invasão do universo.
“Eles têm uma nave espacial disponível. Isso é óbvio.”
Sonia pôs seus colaboradores a par do que estava ocorrendo.
— E o que você fará, Andrômeda? — indagou Leiber.
Andrômeda se ergueu. Sua figura alta, empinada, tinha majestade.
— Eu sei onde encontrar a Serpente.
Salk e Leiber se entreolharam incrédulos. A própria Belle chiou:
— Andrômeda, não pode fazer isso. É muito perigoso.
— Grande. Vou me tornar inspetora escolar para pegar alunos fujões.
— Eu não quis dizer isso, Andrômeda, eu...
— Basta! Há coisas muito importantes em jogo. Minha vida não vale nada diante disso.
— A Serpente é capaz de coisas horripilantes — observou Leiber.
— Eu sei. E é por isso mesmo que eu tenho de detê-la.
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ANDRÔMEDA ENFRENTA A SERPENTE