O fator caos, capítulo 1 - O Inspetor e os perfis
CAPÍTULO 1
O INSPETOR E OS PERFIS
Sonia penetrou no grande salão, onde dezenas de pessoas continuavam dançando ao som da “Noite no Monte Calvo”, de Mussorgsky. Um homem gordo, de terno e distintivo de prata, veio ao seu encontro:
— Que foi que houve, Sonia?
— Uma das convidadas foi sequestrada e existe cumplicidade por parte da criadagem. Quatro homens da guarita deram fuga aos raptores.
— Como é? Isso é impossível, Sonia. Não pode ter acontecido uma coisa dessas!
-Não pode ter acontecido mas aconteceu, Oppenheimer. E aí, vai ficar de braços cruzados?
— Não, é claro que não. Qual é a pessoa raptada?
— Não conheço a vítima. Era uma garota de uns vinte anos, de saia curta, morena, foi levada por quatro homens num carro de tipo Boco-Moco, de cor marrom.
— Tem certeza que não foi só uma brincadeira, que ela não foi de livre vontade?
— Olhe aqui, inspetor. Eles a amarraram e amordaçaram. Sei que algumas pessoas gostam de brincar desse jeito, mas acho pouco provável que seja esse o caso. Além disso me atrapalharam, deixaram que eles fugissem!
Sonia contou tudo que vira acontecer e o inspetor entrou em ação. Chamou um dos seus auxiliares.
— Fernando, traga-me aqui a anfitriã, a dona Arlete Montenegro. Faça isso sem demora. E mande fechar as saídas, para que nenhum criado ou convidado se retire sem permissão. Convoque quanta gente precisar, mas faça isso, está bem?
— Muito bem, senhor.
— Que pretende fazer? — indagou Sonia.
— Primeiramente, descobrir se alguma das convidadas realmente desapareceu. Depois... veremos.
— Aquela moça não queria ir com eles, estava apavorada. Meu Deus, eles podiam ter sido detidos! O que eles estarão fazendo com ela?
— Me diga uma coisa, Sonia: você realmente fez tudo aquilo, inclusive se jogar através do painel?
— É claro! Que mais podia fazer? Uma vida humana estava em perigo...
— Vou lhe dizer uma coisa. Não procure bancar a heroína. Esse não é o seu perfil. Você não é nenhuma Andrômeda. Podia ter-se machucado e seriamente. Podia ter sido sequestrada junto com a outra, e aí pediriam, sem dúvida, um resgate monstruoso...
— Eu não pude me conter — respondeu Sonia, com frieza.
— Está bem. Mas da próxima...
— O que foi que houve, inspetor?
Oppenheimer virou-se para Arlete Montenegro:
— Desculpe incomodá-la, minha senhora, mas houve uma denúncia...
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Uma conviva parecia ter-se evaporado: Lita Vapabussi. Nem seus pais e nem seus irmãos, presentes na festa, sabiam do seu paradeiro.
Na biblioteca, que Arlete fechara por precaução no dia da festa, Sonia esperava. Identificara no micro os quatro empregados que haviam tentado segurá-la: Vassili Rostropovisky, André Toledo Borges, José Capanema e Rudejard Comodoro Souza e Silva.
Agora entravam lá os quatro, escoltados pelo inspetor e mais sete policiais, inclusive Fernando.
Sonia ergueu-se e caminhou em frente aos serviçais, olhando-os de frente, um por um. Com exceção do bigodudo Vassili, que conservava expressão cínica e arrogante, os homens estavam cabisbaixos.
— Reconheço todos vocês — disse ela, irada. — Vocês estão metidos nisso, seus patifes.
— Cuidado, senhora — disse Vassili, sorrindo descaradamente. — Somos ciosos de nossos direitos e exigiremos reparação na Justiça.
— Reparação! Romperei com Arlete se ela não os demitir, isso para início de conversa. Não vou sossegar enquanto vocês não forem condenados à prisão. É tudo.
Deu-lhes as costas e sentou-se novamente.
— Nós somos inocentes... — disse Capanema, timidamente.
— Não fale nada! — ralhou rispidamente o crimeniano.
— Você é chefe dos outros? — indagou Sonia, com áscua no olhar.
Oppenheimer interveio:
— Deixe isso comigo, Sonia.
Agarrou Vassili pelo colarinho.
— Olhe aqui, seu rato. Por causa de vocês a filha de um grande cientista sumiu dessa propriedade, foi sequestrada. Isso pode ter repercussão internacional e já acabou com a festa, pois vou mandar interrompê-la e interrogar todos os presentes. Agora fale, desembuche! Porque vocês fizeram isso?
— Pare, inspetor! Não pode me agredir! Eu tenho os meus direitos humanos!
— Vá para o diabo que o carregue! Fale! Responda ao que eu perguntei!
Sacudiu Vassili energicamente.
— Inspetor, eu pensei que fosse maluquice. Ela estava histérica. Como é que nós podíamos levar a sério uma mulher histérica?
— É mentira! — exclamou Sonia.
— Conheço Sonia há anos. Ela nada tem de histérica, não tem o perfil de histérica. Você está mentindo, malandro. Vocês deram fuga aos sequestradores!
Ouviram-se os protestos dos outros três. Então a porta se abriu e tornou a fechar: Arlete acabara de entrar.
— Inspetor, o que é isso? Como ousa pressionar meus empregados?
— Minha senhora, me desculpe, mas eu tenho um dever a cumprir. Estes quatro homens estão detidos para investigação.
— Mas eles não fizeram nada! Já me contaram o que houve... foi um mal-entendido!
— Antes de mais nada pedirei à senhora para encerrar a festa. Todos serão interrogados.
— O que? Isso é impossível. Jamais interrompi minhas festas e dou festas há vinte anos... — aqui ela hesitou e tossiu, incomodada por revelar que já tinha tanta idade.
— A polícia não tem tempo a perder e o assunto é da mais grave importância.
— Isso é um ultraje!
— O que? A senhora não percebe que uma de suas convivas foi sequestrada e pode estar correndo risco de vida? Fernando, vá lá fora e encerre a festa. Avise a todo o contingente e peça reforços.
Arlete voltou-se para Sonia:
— Você me pagará por isso, Sonia. Não aceito ser humilhada publicamente desse jeito, sofrer a vergonha de interromper uma recepção minha, na minha mansão, um escândalo desses...
Sonia olhou-a com os olhos bem abertos:
— Estou ouvindo direito?
— Sua intrometida, sua...
— Senhora! — protestou o inspetor.
— Arlete — voltou Sonia, com energia na voz. — Para você, uma vida humana de nada vale? Então, é assim?
— Ora, vá...
— Retire-se, minha senhora! — ordenou o inspetor Oppenheimer. — No devido tempo será interrogada.
A sugestão de que até ela pudesse ser submetida a interrogatório quase provocou um chilique na dona da casa. Interrogada, ela? Mas isso só valia para os mortais comuns!
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Ao se retirar, Sonia recomendou ao inspetor:
— Acredito que você levantará os antecedentes daqueles quatro.
— Sim, e os de toda a criadagem, pois se houve cumplicidade no sequestro, seria uma coincidência estranha que todos os cúmplices estivessem reunidos na sua frente. Deve haver mais alguém.
— Não esqueça que, pela escala do dia, Capanema não deveria estar ali e sim o Orlando Prado.
— Sim, o tal que foi mandado fazer outra coisa inesperadamente. Isso coloca o Valdo como altamente suspeito, já que ele é o encarregado e decidiu à revelia da Arlete.
— É. Faça o que puder, eu fiz a minha parte e preciso ir.
— Você merece um descanso. Agora eu vou examinar os dossiês da criadagem, quero saber o perfil de cada um deles...
Sonia sorriu:
— E o Vassili, o que acha dele?
— O perfil dele é meio sinistro, de fato...
— Bem. Boa sorte, que você vai precisar.
Sonia afastou-se. Ainda falou com algumas pessoas retardatárias, como o Padre Oronte, que a parabenizou pela bravura. Mário e o Vulcano já tinham ido. O primeiro chegara a falar com Sonia e os policiais, levando matéria para o Pontual. Então quatro pessoas apareceram no jardim de estacionamento, antes que Sonia alcançasse Liz:
— Preciso falar com a senhora.
— É claro, Professor Bierce.
O cientista apresentou Creuza, sua esposa, e os filhos Gumercindo e Guido. Estavam todos constrangidos e Creuza chorava continuamente:
— Me conte o que viu, por favor! Como são esses homens que levaram minha filha?
— Eu só os vi de longe e usavam máscaras! Lamento muitíssimo, mas eu fiz o possível. O inspetor Oppenheimer é um homem decente e fará o resto.
Enxugando as lágrimas, Creuza opinou:
— Eles são muito maus! Precisávamos que Andrômeda entrasse nessa história. Gregório... não haverá um meio de avisá-la? Dona Sonia... a senhora que é tão importante... não terá um meio de avisar a Andrômeda?
— Acredito que ela lê jornais e assiste holotevê — respondeu Sonia.
— Creuza, deixe disso — o professor estava irritado ou assustado. — Que pode fazer essa tal de Andrômeda? A polícia já está no caso.
— Vamos embora, papai — disse Guido. — Vamos esperar os acontecimentos.
Sonia, intrigada, tocou o braço de Creuza:
— Porque disse que eles são muito maus? Já os conhece? Sabe quem são?
Todos pareceram entrar em pânico. Bierce puxou a esposa e interrompeu a conversa:
— Ela não conhece ninguém. Só podemos achar que são maus. Por favor, nos dê licença!
O grupo se afastou e Sonia retornou a Liz, bastante circunspecta.
— E aí, Andrômeda?
— Estamos diante de um caso estranho e assustador, Liz. Algo me diz que dias difíceis virão.
— Vamos para casa. Você precisa agir.
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Quando chegou em casa, Sonia falou rapidamente com os criados, preocupados com o noticiário, tranquilizou-os e se dirigiu, logo que pôde, aos seus aposentos particulares. Onde normalmente ninguém entrava, a não ser ela própria e os robôs-criados.
Sentou-se diante do computador e pôs-se a trabalhar no rastreamento do projétil-isca que lançara no carro dos sequestradores.
Sonia Maria Sagres fizera o possível naquele caso.
Agora era a vez de Andrômeda agir.
CAPÍTULO 1
O INSPETOR E OS PERFIS
Sonia penetrou no grande salão, onde dezenas de pessoas continuavam dançando ao som da “Noite no Monte Calvo”, de Mussorgsky. Um homem gordo, de terno e distintivo de prata, veio ao seu encontro:
— Que foi que houve, Sonia?
— Uma das convidadas foi sequestrada e existe cumplicidade por parte da criadagem. Quatro homens da guarita deram fuga aos raptores.
— Como é? Isso é impossível, Sonia. Não pode ter acontecido uma coisa dessas!
-Não pode ter acontecido mas aconteceu, Oppenheimer. E aí, vai ficar de braços cruzados?
— Não, é claro que não. Qual é a pessoa raptada?
— Não conheço a vítima. Era uma garota de uns vinte anos, de saia curta, morena, foi levada por quatro homens num carro de tipo Boco-Moco, de cor marrom.
— Tem certeza que não foi só uma brincadeira, que ela não foi de livre vontade?
— Olhe aqui, inspetor. Eles a amarraram e amordaçaram. Sei que algumas pessoas gostam de brincar desse jeito, mas acho pouco provável que seja esse o caso. Além disso me atrapalharam, deixaram que eles fugissem!
Sonia contou tudo que vira acontecer e o inspetor entrou em ação. Chamou um dos seus auxiliares.
— Fernando, traga-me aqui a anfitriã, a dona Arlete Montenegro. Faça isso sem demora. E mande fechar as saídas, para que nenhum criado ou convidado se retire sem permissão. Convoque quanta gente precisar, mas faça isso, está bem?
— Muito bem, senhor.
— Que pretende fazer? — indagou Sonia.
— Primeiramente, descobrir se alguma das convidadas realmente desapareceu. Depois... veremos.
— Aquela moça não queria ir com eles, estava apavorada. Meu Deus, eles podiam ter sido detidos! O que eles estarão fazendo com ela?
— Me diga uma coisa, Sonia: você realmente fez tudo aquilo, inclusive se jogar através do painel?
— É claro! Que mais podia fazer? Uma vida humana estava em perigo...
— Vou lhe dizer uma coisa. Não procure bancar a heroína. Esse não é o seu perfil. Você não é nenhuma Andrômeda. Podia ter-se machucado e seriamente. Podia ter sido sequestrada junto com a outra, e aí pediriam, sem dúvida, um resgate monstruoso...
— Eu não pude me conter — respondeu Sonia, com frieza.
— Está bem. Mas da próxima...
— O que foi que houve, inspetor?
Oppenheimer virou-se para Arlete Montenegro:
— Desculpe incomodá-la, minha senhora, mas houve uma denúncia...
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Uma conviva parecia ter-se evaporado: Lita Vapabussi. Nem seus pais e nem seus irmãos, presentes na festa, sabiam do seu paradeiro.
Na biblioteca, que Arlete fechara por precaução no dia da festa, Sonia esperava. Identificara no micro os quatro empregados que haviam tentado segurá-la: Vassili Rostropovisky, André Toledo Borges, José Capanema e Rudejard Comodoro Souza e Silva.
Agora entravam lá os quatro, escoltados pelo inspetor e mais sete policiais, inclusive Fernando.
Sonia ergueu-se e caminhou em frente aos serviçais, olhando-os de frente, um por um. Com exceção do bigodudo Vassili, que conservava expressão cínica e arrogante, os homens estavam cabisbaixos.
— Reconheço todos vocês — disse ela, irada. — Vocês estão metidos nisso, seus patifes.
— Cuidado, senhora — disse Vassili, sorrindo descaradamente. — Somos ciosos de nossos direitos e exigiremos reparação na Justiça.
— Reparação! Romperei com Arlete se ela não os demitir, isso para início de conversa. Não vou sossegar enquanto vocês não forem condenados à prisão. É tudo.
Deu-lhes as costas e sentou-se novamente.
— Nós somos inocentes... — disse Capanema, timidamente.
— Não fale nada! — ralhou rispidamente o crimeniano.
— Você é chefe dos outros? — indagou Sonia, com áscua no olhar.
Oppenheimer interveio:
— Deixe isso comigo, Sonia.
Agarrou Vassili pelo colarinho.
— Olhe aqui, seu rato. Por causa de vocês a filha de um grande cientista sumiu dessa propriedade, foi sequestrada. Isso pode ter repercussão internacional e já acabou com a festa, pois vou mandar interrompê-la e interrogar todos os presentes. Agora fale, desembuche! Porque vocês fizeram isso?
— Pare, inspetor! Não pode me agredir! Eu tenho os meus direitos humanos!
— Vá para o diabo que o carregue! Fale! Responda ao que eu perguntei!
Sacudiu Vassili energicamente.
— Inspetor, eu pensei que fosse maluquice. Ela estava histérica. Como é que nós podíamos levar a sério uma mulher histérica?
— É mentira! — exclamou Sonia.
— Conheço Sonia há anos. Ela nada tem de histérica, não tem o perfil de histérica. Você está mentindo, malandro. Vocês deram fuga aos sequestradores!
Ouviram-se os protestos dos outros três. Então a porta se abriu e tornou a fechar: Arlete acabara de entrar.
— Inspetor, o que é isso? Como ousa pressionar meus empregados?
— Minha senhora, me desculpe, mas eu tenho um dever a cumprir. Estes quatro homens estão detidos para investigação.
— Mas eles não fizeram nada! Já me contaram o que houve... foi um mal-entendido!
— Antes de mais nada pedirei à senhora para encerrar a festa. Todos serão interrogados.
— O que? Isso é impossível. Jamais interrompi minhas festas e dou festas há vinte anos... — aqui ela hesitou e tossiu, incomodada por revelar que já tinha tanta idade.
— A polícia não tem tempo a perder e o assunto é da mais grave importância.
— Isso é um ultraje!
— O que? A senhora não percebe que uma de suas convivas foi sequestrada e pode estar correndo risco de vida? Fernando, vá lá fora e encerre a festa. Avise a todo o contingente e peça reforços.
Arlete voltou-se para Sonia:
— Você me pagará por isso, Sonia. Não aceito ser humilhada publicamente desse jeito, sofrer a vergonha de interromper uma recepção minha, na minha mansão, um escândalo desses...
Sonia olhou-a com os olhos bem abertos:
— Estou ouvindo direito?
— Sua intrometida, sua...
— Senhora! — protestou o inspetor.
— Arlete — voltou Sonia, com energia na voz. — Para você, uma vida humana de nada vale? Então, é assim?
— Ora, vá...
— Retire-se, minha senhora! — ordenou o inspetor Oppenheimer. — No devido tempo será interrogada.
A sugestão de que até ela pudesse ser submetida a interrogatório quase provocou um chilique na dona da casa. Interrogada, ela? Mas isso só valia para os mortais comuns!
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Ao se retirar, Sonia recomendou ao inspetor:
— Acredito que você levantará os antecedentes daqueles quatro.
— Sim, e os de toda a criadagem, pois se houve cumplicidade no sequestro, seria uma coincidência estranha que todos os cúmplices estivessem reunidos na sua frente. Deve haver mais alguém.
— Não esqueça que, pela escala do dia, Capanema não deveria estar ali e sim o Orlando Prado.
— Sim, o tal que foi mandado fazer outra coisa inesperadamente. Isso coloca o Valdo como altamente suspeito, já que ele é o encarregado e decidiu à revelia da Arlete.
— É. Faça o que puder, eu fiz a minha parte e preciso ir.
— Você merece um descanso. Agora eu vou examinar os dossiês da criadagem, quero saber o perfil de cada um deles...
Sonia sorriu:
— E o Vassili, o que acha dele?
— O perfil dele é meio sinistro, de fato...
— Bem. Boa sorte, que você vai precisar.
Sonia afastou-se. Ainda falou com algumas pessoas retardatárias, como o Padre Oronte, que a parabenizou pela bravura. Mário e o Vulcano já tinham ido. O primeiro chegara a falar com Sonia e os policiais, levando matéria para o Pontual. Então quatro pessoas apareceram no jardim de estacionamento, antes que Sonia alcançasse Liz:
— Preciso falar com a senhora.
— É claro, Professor Bierce.
O cientista apresentou Creuza, sua esposa, e os filhos Gumercindo e Guido. Estavam todos constrangidos e Creuza chorava continuamente:
— Me conte o que viu, por favor! Como são esses homens que levaram minha filha?
— Eu só os vi de longe e usavam máscaras! Lamento muitíssimo, mas eu fiz o possível. O inspetor Oppenheimer é um homem decente e fará o resto.
Enxugando as lágrimas, Creuza opinou:
— Eles são muito maus! Precisávamos que Andrômeda entrasse nessa história. Gregório... não haverá um meio de avisá-la? Dona Sonia... a senhora que é tão importante... não terá um meio de avisar a Andrômeda?
— Acredito que ela lê jornais e assiste holotevê — respondeu Sonia.
— Creuza, deixe disso — o professor estava irritado ou assustado. — Que pode fazer essa tal de Andrômeda? A polícia já está no caso.
— Vamos embora, papai — disse Guido. — Vamos esperar os acontecimentos.
Sonia, intrigada, tocou o braço de Creuza:
— Porque disse que eles são muito maus? Já os conhece? Sabe quem são?
Todos pareceram entrar em pânico. Bierce puxou a esposa e interrompeu a conversa:
— Ela não conhece ninguém. Só podemos achar que são maus. Por favor, nos dê licença!
O grupo se afastou e Sonia retornou a Liz, bastante circunspecta.
— E aí, Andrômeda?
— Estamos diante de um caso estranho e assustador, Liz. Algo me diz que dias difíceis virão.
— Vamos para casa. Você precisa agir.
................................................................................................
Quando chegou em casa, Sonia falou rapidamente com os criados, preocupados com o noticiário, tranquilizou-os e se dirigiu, logo que pôde, aos seus aposentos particulares. Onde normalmente ninguém entrava, a não ser ela própria e os robôs-criados.
Sentou-se diante do computador e pôs-se a trabalhar no rastreamento do projétil-isca que lançara no carro dos sequestradores.
Sonia Maria Sagres fizera o possível naquele caso.
Agora era a vez de Andrômeda agir.