A Lenda de Scarborough

Capítulo 8 - O Passado de Bryan


     Inesperadamente como chegara a aldeia, Bryan foi levado. Ficou aprisionado no castelo do xerife, enquanto esperava para pessoalmente falar com ele, aguardando sua condenação. Antes de ser enforcado, com certeza seria interrogado a respeito da aldeia e da melhor forma de atacá-la. Mas, mesmo que ele fosse torturado não diria nada.
     Passos rápidos aproximaram-se da fria cela. Mas para sua surpresa e surpresa geral de todos os soldados, o xerife se jogou de joelhos:
     -Perdão Senhor! Mil vezes perdão! Meus guardas cometeram um grave erro, mas peço-lhe, não tire minha vida. Misericórdia! – dizia o xerife quase aos prantos. -Já vou providenciar que o soltem alteza e informar a sua família que está vivo. Providenciarei também que se vista adequadamente.
     E voltando-se para os soldados:
     -Vamos seus imbecis. Soltem-no e tratem de servi-lo. Como não viram que era o Príncipe Jhonathan, o filho do Imperador do Sacro Império?! Por sorte seus pais estão na Inglaterra, alteza. Com certeza logo estarão aqui.
     Toda esta cena, Bryan assistiu apreensivo, quase que sem entender. Seu mundo girava. Ele ...um príncipe?
     Como se o nome Jhonatam fosse a chave do seu passado, ele começou a lembrar-se de tudo o que acontecera em sua vida antes do naufrágio.
"Ele era filho do Imperador Frederico Barba Ruiva e da Imperatriz Beatriz -os governantes do Sacro Império Romano Germânico. Crescera no palácio cercado pelo amor de seus pais e irmãos. Ali teve os melhores estudos e treinamentos para se tornar um imperador. Tinha partido para a Inglaterra para resolver algumas questões do reino e tragicamente o navio que viajava naufragou."

     Os guardas do xerife o conduziram para aposentos ricamente ornados. Perdido em seus pensamentos, Bryan, agora Jonatham não percebeu a chegada de seus pais.
     -Filho você está bem? Graças a Deus, você está vivo! Já havíamos perdido as esperanças. –disse sua mãe entre lágrimas, enquanto o abraçava.
     -Meu Filho, meu herdeiro! –disse o pai também emocionado.
     -Pai, o que vocês estão fazendo na Inglaterra?-perguntou Bryan lembrando-se que o pai nunca deixava o reino, a não ser por questões de batalha.
     -Eu precisava ver com meus próprios olhos se os ingleses não o haviam aprisionado. Estava pronto para mandar a velha Bretanha pelos ares. Mas, como o príncipe Ricardo assegurou que ninguém sabia de seu paradeiro, tive que aceitar os fatos. Mas graças a Deus eu te encontrei meu filho. Vamos dar uma grande festa para celebrar seu retorno. O navio já está a sua espera. Ainda hoje voltaremos para a Itália.
     -Voltar para a Itália...? –questionou o jovem ainda muito confuso.
     -Sim, meu filho. Não se lembra que tens um reino e que futuramente irás governar? E uma noiva com a qual irás casar?
     O mundo de Bryan girou mais uma vez.
     -Sim. Tudo isso me lembro meu pai. Mas há uma coisa que ainda tenho que resolver. Gostaria de falar em particular com o xerife.
     -Como desejar filho.
     Nesse momento entrou o príncipe Ricardo, que era amigo pessoal de Bryan, ou Jhonathan.
     -É bom vê-lo com vida, amigo! –disse enquanto o cumprimentava. -Minhas sinceras desculpas, pelo que os soldados do xerife fizeram com você. E se tiver algo ao meu alcance, é só pedir que eu farei.
  Nesse momento chegou o xerife, se atrapalhando até para andar.
Bryan se dirigiu a Ricardo:

     -De nenhuma forma você me insultou. Ao contrário, fui muito bem acolhido, por pessoas que salvaram a minha vida. Gostaria que essas mesmas pessoas tivessem direito a paz que procuram.
     -Pode dar suas ordens ao xerife -disse Ricardo. -Seu pedido é justo.
    -Xerife, agora a pouco você me pediu desculpas por haver insultado alguém de sangue real. -falou Bryan -Creio que há um modo fácil de perdoá-lo. Se o senhor deixar em paz aquela aldeia, estará perdoado.
     -Sim, alteza! Vou fazer isso imediatamente.
   E assim naquela mesma tarde, Bryan embarcava com destino a sua pátria. Com o coração em pedaços deixava alguém no alto das montanhas a suspirar por ele. Só que uma parte de seu coração também ficava na Inglaterra.
Fran Macedo
Enviado por Fran Macedo em 11/08/2015
Reeditado em 05/09/2015
Código do texto: T5341996
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