O andarilho. Parte 4.
O homem chegou ao fim da escada e começou seu discurso da vitória:
- Mas olha só, quem diria. Aqueles idiotas não foram capazes de matar um simples forasteiro. Que eles eram burros eu já sabia, mas a sua técnica foi de muita precisão. Qual foi seu truque hein? Algum tipo de óculos de visão noturna. Um dom quem sabe?
-Quem sabe?
-He he, nos últimos tempos eu estou acreditando em qualquer coisa. Sabe rapaz, o novo mundo é uma realidade, uma realidade egoísta, rudimentar, e sem muitas perspectivas, mas é a nossa realidade. E eu não quero mudar essa realidade.
-Mas agora você já não tem mais nenhum capanga. Vai ter que aprender a se virar sozinho!
- Claro você tem razão. Mas isso é só por enquanto. Assim como você outros virão. Esta cidade está sempre recebendo novos visitantes e logo eu terei meu pequeno exército de novo. Mas você é claro não estará aqui para ver isso. Sinto muito, eu adoraria aprender mais sobre suas técnicas, mas está na hora de você morrer. Adeus forasteiro.
O andarilho fechou seus olhos, convicto do que lhe aguardava. Esperando estar em paz consigo mesmo e pronto para partir dessa vida sabendo que fez a escolha certa.
BANG!
No meio da escuridão uma espingarda fora disparada, e o Grande Jack foi arremessado violentamente contra as escadas. Dali surgiu uma mulher, já conhecida pelo andarilho:
-Pensei que disse pra você ir embora.
-Desculpe eu esqueci de dizer que sou teimosa.
-É to vendo. Teimosa e boa de tiro.
-Pois é, acho que no velho mundo eu era uma fora –da –lei, ou algo assim. Mas você também é muito bom. Veja o que fez sozinho. Derrubou todos esses Jacks. Então como fez isso? Você tem mesmo um dom?
-Não. Os únicos dons que tenho é um cérebro e a calma. Assim que veio a escuridão, os Jacks se desesperaram, e isso os matou. Ao atirarem sem ter direção, eu pude vê-los, pois suas armas incendiavam com tantos tiros que davam e eu simplesmente escolhi onde queria acertar. Melhor que visão noturna. Eu só mantive acalma.
-Falando parece fácil.
-Mas é. Mais fácil do que imagina. Agora se me der licença eu tenho uma maleta para pegar.
O andarilho foi até o homem morto no chão e tomou-lhe seu revolver. Abriu o tambor e contou. Cinco munições, mais uma gasta. Subiu a escada e virou a direita. Entrou na segunda porta. Lá estava ela. Parecia chama-lo. Ele a tomou. Desceu novamente as escadas e saiu da casa. Já estava amanhecendo. Os corpos já podiam serem vistos no chão. Um belo estrago que ele fizera sozinho. Saiu até a entrada da cidade, juntamente com a mulher. Lá fora estavam as outras mulheres os esperando, se despediram, pela última vez:
- Bom acho que os nossos caminhos se encerram aqui. Mas lembre-se, se não der certo você poderá nos visitar a qualquer momento em Moffet.
-Moffet parece ser uma boa opção pra mim. Pode deixar. Adeus, ou até em breve.
-Até em breve.
O andarilho abriu a sua bolsa sacou o mapa e visualizou seu próximo destino:
CENTRAL CITY.
Seriam alguns dias de caminhada, mas conseguiria. Tinha também que contar com a sorte, pois tinha agora somente cinco tiros. Qual seria o seu futuro de agora em diante? Seria ele capaz de consertar tudo que havia acontecido? Fazer voltar ao normal todas as coisas, todas as pessoas, o mundo todo? Isso ele não sabia, a única coisa que sabia é que ele tinha agora que começar a andar.