Depois da Meia Noite (Fanfic) Capítulo 1 - O Lobo
(Esta é uma fanfic da saga Crepúsculo)
(Por favor, leia o prólogo antes de ler o cap abaixo)
Capítulo 1 – O Lobo
City of Forks Welcomes You*
A Mercedes prata passou pela estrada 101 como se pudesse voar, a incríveis 170 km/h, mas foi obrigada a reduzir a velocidade ao passar pela placa de boas-vindas a Forks. O tráfego da pequena cidade continuava tranquilo como Bella se lembrava. A placa esmaltada de verde com as letras brancas passou pelos seus olhos em câmera lenta - como, aliás, aconteceu com todos os vampiros no carro -, trazendo sentimentos um tanto nostálgicos.
Edward conduzia a Mercedes e Alice ia ao seu lado, no lugar do passageiro. Atrás Bella, Jasper e Renesmee dividiam o banco de couro cinza extra espaçoso. Esta última, não tirando nem por um momento os grandes olhos cor de mel da paisagem que se estendia além da janela. Seu coração palpitava a cada metro avançado, mas ela não entendia bem o porquê. Talvez o motivo fosse... Ele.
Fazia algum tempo que ela não via Jake. E o tempo sempre passava tão rápido quando estavam juntos, que mal podiam matar as saudades antes que ela tivesse que partir novamente...
Jacob sempre estivera ao seu lado, desde que ela se entendia por gente. Sempre como um tio ou um irmão mais velho, depois se tornando seu melhor amigo e, desde o verão passado, talvez algo mais do que isso. Sim, o que acontecera no verão passado... Ela estremeceu. Renesmee lembrava-se vivamente daqueles dias.
Ela e Jake estavam caminhando pela praia em La Push, conversando sobre vários assuntos, desde os mais bobos até os mais filosóficos, como sempre faziam. Ele continuava exatamente do jeito que ela se lembrava desde os tempos de sua infância, um rapaz alto de 18 anos, de pele morena e cabelos negros e curtos. Como era um lobo, sua aparência demorava muito mais que o normal para mudar com o tempo, assim como Renesmee, que aparentava algo entre os 16. Ela havia crescido muito rápido na infância – chegando a aparentar ter 8 anos, quando ainda só tinha 8 meses -, mas a medida que o tempo passou ela foi demorando cada vez mais a crescer. Carlisle acreditava que quando ela chegasse a aparentar 18 anos, se tornaria finalmente imutável assim como o resto da família.
Mas não só a sua aparência mudou com o passar dos anos, como também suas ações e pensamentos amadureceram, e sua forma de enxergar Jacob começou também a mudar naquele último verão.
Ele pegou uma pedra achatada e a atirou no lago, fazendo-a quicar quatro vezes na água.
- Não acredito que o verão já acabou. Não quero que vá embora, Nessie.
- Eu... também não quero ir. – ela suspirou – A França é ótima e tudo o mais. Mas eu realmente gostaria de voltar para Forks definitivamente. Já faz tanto tempo que partimos daqui...
- Eu morro toda vez que vejo você partir.
Jacob tinha essa mania de dizer coisas estranhas e deixá-la constrangida. Ele falava essas coisas com tanta sinceridade no olhar que ela não podia impedir suas bochechas de esquentarem abruptamente. Espere, desde quando ela corava desse jeito na presença dele?
- É só por um ano, Jake. Nós sempre voltamos, não voltamos? – Renesmee pegou também uma pedra e a fez quicar quatro vezes no lago calmo.
- Só um ano? – ele pareceu irritar-se, agora seus olhos negros a encaravam profundamente. Mas ele recuou, desviando o olhar e afastando-se alguns passos.
- Nessie, um dia sem você já é ruim o bastante para mim.
Ele falou baixo, mas isso não impediu que os ouvidos sensíveis dela escutassem. A metade não congelada de seu coração bateu mais rápido e Renesmee se sentiu nervosa de repente.
Jacob parecia realmente triste e ela tinha vontade de consolá-lo. Talvez só tocá-lo fosse o bastante, mas queria passar seus braços em volta dele, sentir seu toque febril e acariciar seus cabelos negros de índio. Por um instante, imaginou como seria beijá-lo...
Mas o que diabos estava acontecendo com ela?! Jacob era seu melhor amigo! Pensar nele desse jeito era, no mínimo, estranho.
- Seu rosto está corado.
Ela se assustou ao perceber o quanto ele tinha se aproximado enquanto ela devaneava por meros 2 segundos, seus corpos estavam a poucos centímetros de distância.
- Jake, você tem mesmo que ficar tão perto assim? – ela riu tentando soar descontraída e o empurrou mais alguns centímetros para longe.
Ele continuava a encará-la com o semblante sério.
- Você nunca se incomodou com isso antes.
- Bem, agora eu me incomodo.
Seu olhar penetrante a desconcertou. Ele parecia querer sondá-la mentalmente, saber seus pensamentos e segredos mais íntimos. Tinha um quê de indagação na escuridão de seus olhos.
Então, de repente, Jacob aproximou-se mais uma vez. Porém, não respeitou aqueles centímetros de segurança que separariam os dois e colou seus lábios macios nos de Renesmee. No mesmo instante, ela se esqueceu de como era respirar, ou sentir qualquer coisa que não fosse o toque sutil daqueles lábios quentes e daqueles braços fortes a evolverem-lhe a cintura. O mundo a sua volta pareceu sumir e tudo o que existia era ele, ela e seus corações batendo ritmicamente unidos.
Aqueles cinco segundos duraram uma eternidade, mas Renesmee logo pôs os pés no chão novamente. Eles se afastaram e Jake tinha um brilho nos olhos maior do que a própria felicidade. Mas ela estava confusa. E encantada, nervosa, extasiada, tudo ao mesmo tempo. Odiava essa sensação de não ter controle sobre as próprias emoções. No entanto... amava o que estava sentindo!
Depois daquele primeiro – e tão rápido – beijo, as coisas ficaram deliciosamente estranhas. Ela não mais conseguia ver aquele rapaz com quem tanto tinha brincado, conversado e caído na risada, como um mero amigo, apesar de não mais saber o que ele era. Mas não teve que se preocupar muito em definir nada na época, pois naquele mesmo dia ela partira para longe de Forks com o resto da família.
Porém, o ano passara e os Cullen estavam de volta. A menina ficava nervosa só de pensar no que aconteceria ao ver Jacob novamente. O que ele diria ao vê-la? Como a cumprimentaria? De que jeito olharia para ela?
No carro, sentiu uma mão gelada pousar sobre a sua. Imediatamente olhou para Jasper, que parecia preocupado.
- Nessie, você está bem? – as sobrancelhas loiras do vampiro juntavam-se na testa lisa, numa expressão genuinamente aflita. Com sua habilidade especial, Jasper podia sentir e controlar as emoções que circulavam a sua volta, então ele devia estar sentindo o quanto Renesmee ficara nervosa e nostálgica de repente. Mas (ainda bem) não podia entender por quê. O único que devia saber o que exatamente ocorria em seus pensamentos era... seu pai, que estava ali na frente. Ela olhou de relance para Edward pelo espelho retrovisor, ele parecia um tanto distraído, como se não estivesse prestando atenção, mas em seus olhos quase vermelhos podia-se perceber um leve toque de irritação.
- Estou sim, senhor, capitão. – ela dissimulou um riso descontraído e bateu uma pequena continência para Jasper. No fundo, desejou nunca ter pensado naquele beijo, para início de conversa! Tinha certeza que suas bochechas coravam de vergonha naquele exato instante.
- Estamos chegando! – cantou Alice, do banco da frente.
A Mercedes havia saído da estrada principal e entrado no bosque que dava para a antiga casa dos Cullen, ainda aquela onde eles haviam morado décadas atrás. O verde tomava conta da paisagem na janela e aquele cheiro de terra e árvores úmidas invadiu os sentidos de todos os vampiros. Mas logo eles franziram as narinas: um novo e repugnante cheiro se aproximava.
- Argh! Nunca vou me acostumar com esses cachorros... – brincou a copiloto.
Um uivo se fez ouvir ao longe, porém aproximando-se muito rápido. Renesmee grudou os olhos na janela, seu coração palpitava. Por mais incrível que parecesse, apesar de ser metade vampira, o cheiro dos lobos nunca a desagradara, nem um pouquinho sequer. De modo que ela foi a única a realmente entusiasmar-se com a recepção lupina.
A matilha veio correndo pela mata a toda velocidade, saltando obstáculos e desviando habilidosamente de árvores pelas trilhas. Uivavam feito loucos, o vento acariciando seus pelos de diversas corres e seu corpos fortes de diversos tamanhos. Eles alcançavam a Mercedes, e ao perceber isso, Edward pisou fundo no acelerador, com um sorriso presunçoso no canto dos lábios, e o olhar excitado como o de um adolescente desafiado para uma corrida.
Renesmee abriu a janela, sob protestos e risos dos outros no carro, e deixou o vento lamber seus cabelos longos. Ela ria, gritava e torcia, quase uivando junto com a matilha que tinha ficado ligeiramente para trás, mas desafiada, se lançava para acompanhar a corrida.
- Comam terra, seus cachorrinhos fedidos! – gritou Alice, contagiada de emoção e Jasper riu alto com a onda de indignação que sentiu emanar dos lobos ofendidos.
- Vocês conseguem, pessoal! – gritou Renesmee com a cabeça para fora da janela. Em resposta vieram vários uivos, cada vez mais altos, cada vez mais próximos.
- Ei, garota! – gritou Bella, rindo – Está torcendo pelo time errado!
Nessie, em resposta, fechou os olhos e uivou o mais alto que pode, imitando uma loba selvagem e caindo numa risada de felicidade.
Ao abrir os olhos novamente, viu que um dos lobos havia alcançado o carro e corria bem ao seu lado na estrada pelo bosque. Não era um lobo qualquer: era um dos maiores, com os pelos castanho-avermelhados a flamular com o vento. Os músculos do animal tracionavam com força e impetuosidade, lançando-o para frente a todo o vapor; erguia a cabeça majestosamente e seu peito arfava, mas ele não demonstrava fraqueza.
Seus olhos dourados reluziam e ele olhava profundamente para Renesmee.
- Jake...
Edward fez uma curva brusca na estrada, que atravessou o caminho do lobo e fez Renesmee cair para trás com o princípio da inércia. Depois estourou os limites de velocidade da Mercedes e deixou a matilha para trás, a comer poeira.
– Eu é que nunca vou me acostumar com esses cachorros!
E Jasper riu novamente, sentindo o ciúme furioso que exalava do irmão.