Quando olho pro pasto...
Os anos eram os cinquenta, sem internet, sem celular, mas com aquele luar...E Atanagildo, moço da cidade, bancário, foi visitar uma fazenda e se apaixonou por Estelita. Fulminante. Tanto pra lá quanto pra cá.
Todo fim de semana, Atana tomava o trem, parava na estaçãozinha mais próxima da fazenda e vinha morro acima, pela pastagem ao encontro da amada, que o esperava sempre debruçada na janela. Vita bella.
E o idílio ia-se firmando cada vez mais. Até que um dia, Atana foi retido pelo patrão, justo num fim de semana, para ajudá-lo no balancete. Não tinha escapatória, e não tinha também como avisar a sua Julieta.
Pensou que tudo se explicaria na semana seguinte, embora com o coração em disparada. E, sucedeu ao nosso Romeu, um segundo contratempo em dois fins de semana sucessivos: morrera-lhe um parente próximo e assistência foi cobrada e pagada. Enquanto o coração roía de paixão.
Quando pintou a terça feira da semana seguinte eis que lhe chega uma carta da adorada, que assim começava, na mais romântica lavra:
"Quando óio pro pasto, e num te vejo, os zói merêjo..."