O PROFESSOR É UM PERIGO PARA O MUNDO (IV)

O professor Pascoal visitava sua página pessoal no Facebook. Ele a mantinha temporariamente, pois já estava decidido a deixar de lado essa rede social, assim como muitos amigos que ele considera intelectuais o fazem. O professor constatara que aquilo que ele publicava em seu mural e que feria os interesses dos mantenedores da rede social não era visualizado por seus contatos ou não era publicado. Somente aqueles que se declararam em seus perfis serem parentes de Pascoal é que visualizavam e reagiam a seus posts desse tipo. A rede não omitia deles, pois, uma vez parentes ou amigos próximos, o que o professor tem a dizer em seu mural pode ser conhecido por eles em outras fontes. Até pessoalmente. Um tipo de opressão que o Facebook faz que derruba a liberdade de expressão que em uma democracia se faz obrigatória a manutenção, dizia ele.

O professor decidira que não iria permitir ser oprimido por muito tempo. A sorte dele é que ele não tinha só a rede social ou as outras irmãs desta para fazer fluir seus argumentos. Ele podia contar até com o meio impresso, um fanzine com boa tiragem que ele produzia e entregava mão a mão em seus territórios. Outra coisa que ele fazia era palestrar em sala de aula, longe do conhecimento prévio dos reitores ou diretores, pois estes, engajados no sistema, poderiam o impedir de levar informação útil e correta para seus alunos. Em igrejas, clubes e outros centros de acumulação de pessoas eram outros lugares para onde ele levava suas mensagens.

E estava ele, Pascoal, com um apelo que algum de seus contatos compartilhou. Dizia o apelo que os brasileiros devem se preocupar em conservar a Amazônia, pois é ela a principal fornecedora de água para o sudeste. E, exatamente o sudeste do país, passa por total crise de fornecimento de água. Daí ele começou a escrever um artigo. O qual ele transformaria em palestra, que daria para seus alunos no dia seguinte. Sentou-se ao computador e começou a tecer seu texto.

Diziam, durante as campanhas eleitorais anteriores ao Primeiro Turno da disputa, que a candidata Marina Silva tinha sua campanha mantida por banqueiros internacionais. E que eles a financiavam visando por a mão na Amazônia. Eles querem para eles a Amazônia para que possam com isso controlar o clima de vez no mundo. E assim, ficariam protegidos seus investimentos. E mais escravizados ainda latino-americanos, africanos, árabes, asiáticos e outros povos que eles consideram inferiores.

No sudeste do Brasil, por exemplo, está o maior índice de desenvolvimento social do país e também as empresas mais rentáveis, das que atuam na nação, ou as matrizes delas. Quase todas elas são pertencentes aos grupos internacionais que os banqueiros financiam ou são mantidas por eles. A falta de água ou a crise energética causam prejuízos ao investimento deles, daí a grande preocupação com quem fornece chuva para o Sudeste.

Mas há de se lembrar também que pondo a mão na Amazônia, as riquezas que há por lá, que através de espionagem os serviços de inteligência dos países onde estão as matrizes desses grupos sabem muito mais a respeito do que nós brasileiros, se transferirão de dono. Mais uma vez sai da mão do Brasil, sem o conhecimento, graças à manipulação de informação e obscuridade, e com a condescendência dos brasileiros, dada mediante o voto eleitoral para os políticos contratados pelos conspiradores.

Se se confirmarem as suspeitas levantadas contra a ex-candidata à Presidência da República, que agora é uma possível aspirante de cargo no governo do PSDB se se confirmar a vitória deste partido no dia 26 de outubro, leva seus eleitores à participarem de um complô que viabilizará exatamente o que há muito a ex-militante do PSOL combatia e que era a principal bandeira que a fez juntar simpatizantes: a defesa da soberania brasileira sobre a Amazônia.

A Amazônia é nossa e não das ONGs e invasores europeus ou norte-americanos que estão presentes por lá a devastando clandestinamente. Em o PSB apoiar o PSDB, coisa que provavelmente não aconteceria com Eduardo Campos se vivo, se estampa isto: Será a próxima privatização que o PSDB fará: a da Amazônia. Achavam que não havia mais o que ser privatizado no Brasil e que os tucanos já haviam colocado tudo nas mãos dos empresários multinacionais do G7?

Na Conferência da ONU sobre o Clima, realizada em Copenhague em 2009, Hugo Chaves foi a personagem mais ovacionada junto aos ecologistas e politizados presentes. Europeus em sua maioria. Ex-membros e simpatizantes, provavelmente, de grupos que lutavam – e ainda lutam – contra o imperialismo nos anos 1960, 70 e 80, quando militavam por facções poderosas no Primeiro Mundo, como as Brigadas Vermelhas, o Baader-Meinhof ou o Exército Sibianês. A mídia da direita, a que aparece em massa, não falou sobre essa popularidade de Chaves.

O discurso do tachado como ditador em vez de protetor do povo venezuelano contra a arrogância dos imperialistas foi o mais propagado com respeito pela internet. Naqueles idos, Lula aproximava o Brasil de todos os chefes de estado que conduziam política parecida com a de Hugo Chaves. Outros homens de poder na América Latina fizeram o mesmo e em vários países latino-americanos se viu uma espécie de protecionismo contra os planos que acontecem em meio obscuro e são desencadeados midiaticamente, a fim de enganar as populações do mundo e conseguir delas colaboração.

Esses chefes de estado sabem desses planos e quem está por trás deles e sabem também que não se pode combatê-los diretamente sem que haja risco de conflitos indesejáveis para as nações. Por essa razão eles se lançaram a políticas de ajuda mútua entre eles e de contenção do capitalismo feitas arrogante e discretamente. Disso, obviamente, nasceu uma série de suspeitas de corrupção e escândalos envolvendo esses governos, propagados pela mídia, que pertence toda ela aos imperialistas, que tentavam inibir as conquistas que os governos chamados de simpatizantes do socialismo alcançavam, que eram em nada favoráveis aos capitalistas, que querem o mundo como está: cheio de miséria para as populações fora do G7, com exceção da elite de cada lugar, e com o planeta cada vez mais em crise. Daí se ouve falar à exaustão sobre Mensalão, Escândalo da Petrobrás, Empréstimo para Cuba, investimento em portos e metrô em países que deixaram o regime capitalista, ajuda a ditadores na África e em outras partes do mundo.

Nos outros países sul-americanos essa jogada encontra mais resistência, pois as populações são mais engajadas politicamente e possui, por causa da história do país, melhores condições para deglutir informações, mas no Brasil, a população foi idiotizada pela mídia e por essa razão tudo que é veiculado é engolido sem questionamentos. O povo não procura analisar fato por fato com outra ótica que não a que os próprios inimigos dos envolvidos nas notícias cabulosas sustentam. Não procura também outras fontes de informação que não a corruptora. São maquiados para isso e a mídia visível sabe que isso está sob controle. O povo sofre controle mental remoto.

A tevê, a telenovela, o telejornal, o futebol, todo tipo de imprensa, as religiões, as escolas, o meio científico, os prêmios como o Nobel, a alimentação industrial, a indústria farmacêutica e a de cosméticos, os costumes herdados com o imperialismo, o consumismo, o desejo de ser bem sucedido conforme o modelo estabelecido de ser bem sucedido, a ambição, a posição social, a reverência, a moda, as baladas, as artes, a música, a internet e até o celular participam na viabilização dessa engenharia. Todos as fraquezas humanas, os pecados capitais que acometem as pessoas, fazem do simples cidadão escravo das doutrinas inseridas por meio desses mecanismos. E todos gostam de ser. Na verdade não sabem que são.

Falaram de aquecimento global e deram uma causa falsa. A mídia colocou todos os povos contra o CFC, gás de geladeira, sprays e outras baboseiras, mas não mencionou os verdadeiros causadores do tal aquecimento: as emanações eletromagnéticas. A radiofrequência sendo emitida em abundância nos grandes centros nos últimos anos. Radiofrequência que saem dos celulares, dos roteadores, dos pontos de acesso de rede sem fio, das antenas repetidoras, dos fornos de microondas, dos satélites, das transmissões de rádio, de tevê e de telefonia. E formam uma verdadeira barreira para que as massas de ar quente se encontrem com as de ar frio e formem as chuvas e conservam o planeta com o clima e as estações originais e funcionais. E ainda muitos outros equipamentos e aparelhos comerciais e domésticos que cresceram bastante ultimamente e perfazem hoje o maior lucro dos capitalistas participam do bolo. Atuar contra a tecnologia atual ou contra o funcionamento dos serviços que a emprega está fora de cogitação para os que exploram negócios nessa área.

Finalizado seu texto, o professor o imprimiu e passou o domingo o relendo e o aperfeiçoando. Mantinha ele um sorriso no rosto. Daqueles típicos de quem está satisfeito com o que produziu.