O Perfume do meu Sertão- Nem tudo que reluz, é ouro! (Segunda Parte)
Décimo capítulo- segunda parte.
Eulália: Eu imagino o seu horror, naquele lugar estranho...
Foi Deus que me guiou até aquela gruta.
José: Não tenho nem como lhe agradecer, foi a minha heroína!
Eulália: Que isso, sou apenas uma pobre moça.
Mas um dia poderá pagar a minha ajuda...
José: Como?
Eulália: Não sei, mas um dia vou precisar de você!
José: Ah se você está dizendo.
E o silêncio se faz na pequena casa, só se fazendo ouvir o som dos pássaros nas árvores.
Eulália: Bom tenho que ir! preciso ajudar Maria nos afazeres da cozinha.
João: Muito obrigado pela visita, você é uma pessoa muito especial!
Eulália: Pare, se não fico mal acostumada!
Hahahaha!!!
A moça sai da casinha toda sorridente e corre com o balde de leite em direção a casa grande.
Maria: Nossa Lalinha, hoje você demorou pra tirar o leite.
Eulália: Não demorei não... dei uma passada na sua casa pra ver o Zé.
Maria: Cuidado menina, se seu pai descobre que tem um rapaz na minha casa e que você está visitando, não quero nem ver!
Eulália: Calma Maria, vou visitar o Zé só quando meu pai estiver de olhos bem fechados e ouvidos distraídos.
Maria: Bom mesmo... bom mesmo.
De repente na porta da cozinha aparece um moleque de pés descalços e com uma bola de baixo dos braços.
Moleque: Eulália! Vamos jogar um futebol no campinho!?
Maria: Você não tem jeito, é uma moça e jogando bola com moleques?
Eulália: Bola não faz mau a ninguém Maria!!
E sai correndo apostando corrida com o pequeno amigo até o campinho, onde vários moleques a esperavam. A moça era boa de bola e todos desejavam que ela ficasse em seu time, não tinha pra ninguém!
O jogo termina tarde e a moça fica preocupada se iria levar alguma bronca de seus pais. Se despede de todos e volta rapidamente para a fazenda.
Quando chega a casa grande, depara-se com Lúcia na porta.
Lúcia: De onde vêm toda suada?
Eulália: Estava brincando com meus amigos.
Lúcia: Onde se viu, uma moça com amigos... ainda por cima toda suja!
Eulália: Não posso me divertir um pouco?
Lúcia: Pode sim! Mas com atividades para moças, você não é normal.
Eulália: E nem você com essa cara lambida... Hahaha!!
Lúcia: Você está achando tudo isso divertido né! Mas deixa o pai saber que você vive de entra e sai da casa da Maria...
Eulália: Agora vive a me espionar!?
Lúcia: Não precisa ser espião pra ver, não sabe nem esconder irmãzinha... tem que ser mais esperta!
Eulália: Eu não sei mentir igual você, agora me de licença que preciso me limpar... irmãzinha.
Eulália vira as costas para Lúcia que fica rindo de tanto prazer, após perturbar a vida da irmã.
A noite cai de mansinho e as estrelas brilham como pérolas no céu, da janela do seu quarto Eulália observa a sua grande amiga... a lua!
Tão brilhante, senhora do céu. Ela queria ser igual a lua, dona do seu próprio destino... Suspirou a moça que sonhava demais.
Eulália deita na cama e se cobre com o lençol branco, apaga a vela que ilumina o quarto e dorme com prazer.
A jovem se pôs a sonhar, sua mente navegou longe... muito longe daquele mundo que tanto a aprisionava. Estava em um circo, um grande circo!
Ouvia as músicas e as buzinas dos palhaços...
Eulália ria e ficou deslumbrada com as luzes que brilhavam no picadeiro, até que sentiu um perfume bom e naquele instante seu coração pulava e esquentava ao barulho dos tambores. Se virou para ver de onde vinha aquele cheiro de rosas e se deparou com um rapaz de cartola preta!
Ele sorriu gentilmente e a presenteou com um ramalhete de flores, a moça não sabia o que dizer, não conseguia desviar os olhos dos olhos castanhos do mágico... realmente aquele momento foi mágico.
Mas de repente o galo canta ferozmente e tira a jovem daquele mundo, infelizmente Eulália volta para o velho mundo da mesquinhez.
Só que dessa vez, com uma estranha esperança de ver aqueles olhos novamente e esse momento não iria se demorar... Ela sabia!