Uma Mente de Criança — Capítulo 1 – Parte 7
— O que foi? — perguntou Princesa educadamente. — Você não quer ir embora?
O pequeno mantinha-se imóvel, olhava para a fada. Parecia incerto, sem nenhuma ideia de que atitude tomar. Colocou, então, a mão direita sobre a barriga.
— Eu estou com fome...
O rosto da fada se alterou para uma expressão de surpresa.
— Fome? — perguntou ela um pouco desorientada. — Eu não tenho comida para te dar... eu ainda não aprendi nenhum feitiço para ajudar quem está com fome.
Ela colocou uma das mãos sob o queixo e, com a outra, girou a varinha de condão por entre os dedos. Enquanto refletia, suas asas de abelha abanavam e faíscas caíam. Uma das faíscas entrou no nariz do menino e ele espirrou.
— Eu já sei onde você poderá conseguir matar a sua fome — disse a fada Princesa por fim. — Depois que você sair por essa porta, é só seguir em linha reta que encontrará algo para comer.
O menino continuou a fita-la sem reação.
— Mas... — tentou dizer ele.
— “Mas”, não. — retrucou a mulher enquanto enfiava uma das mãos no bolço da calça jeans e retirava o celular. Conferiu as horas. — Já está tarde, o meu horário de trabalho está acabando e eu ainda tenho que terminar de preencher os relatórios de hoje — ela colocou uma mão nas costas do garoto e o guiou até a porta. — Você já está liberado.
Antes que a fada abrisse a porta, o menino falou:
— Mas eu nem sei onde estou, para onde eu vou?
— É só seguir em linha reta. Você vai ficar bem. Tome este cartão — a fada retirou do bolso um cartão impresso e o entregou ao menino. — Se você precisar de qualquer serviço meu, é só me ligar, o número do meu celular está no cartão.
— Mas... — o menino tentou dizer que não sabia ler.
— Só não me liga de final de semana e depois das seis, qualquer outro horário eu vou ficar muito feliz em te atender.
Princesa então abriu a porta e empurrou o menino para fora.
Antes que os olhinhos pudessem assimilar qualquer coisa sobre o lado de fora da sala, a porta bateu com força às suas costas.