Nos domínios da Morte-em-Vida: Viagem por Kishinev (Cap. XVII)
Dois ou três dias apenas foram necessários para excluir a primeira certeza de minha lista.
Era um dia no qual estava excessivamente mal-humorado, e não quis deixar meu quarto; permaneci deitado na cama, ora folheando meu exemplar do “Childe Harold”, ora rabiscando em alguma folha de papel, ora tentando compreender o que diziam na televisão. Apesar de não compreendê-la, gostava muito de ouvir a língua romena.
Passei o dia assim preguiçosamente até o anoitecer. Minha atenção flutuava assistindo ao telejornal, e preparava-me para desligar a televisão e ir dormir quando um retrato de Alina aparecera na tela, deixando-me sobressaltado; a imagem então mudou para um grupo de policiais investigando os arredores e o interior do Beznadyoga, em seguida para o leito onde fizemos amor manchado de vermelho e, finalmente, dois policiais arrastando o homem no qual eu batera para dentro de uma viatura.
Não precisava ser fluente em romeno para juntar as peças daquele tétrico quebra-cabeça.
Desliguei a televisão como pretendia, mas o sono foi-se embora; passei a noite em claro.
[Continua no Cap. XVIII]