Nos domínios da Morte-em-Vida: Viagem por Kishinev (Cap. XV)
Atrás de uma velha porta de madeira estava o quartinho – consistindo unicamente num catre imundo cercado por quatro paredes, uma delas com uma janela. Alina despiu-se da lingerie de cor negra que usava, encorajando-me a fazer o mesmo. Seu corpo era esbelto, e os seios fartos e arredondados como dois globos; a beleza moribunda daquela mulher causava-me um fascínio inexplicável – realmente devíamos ter nos conhecido em vidas passadas.
Despi-me logo em seguida, e atiramo-nos naquele leito repelente; pelo bem do leitor pudico, cubro com um véu os pormenores dos ímpetos de nossa lubricidade. Achei que expiraria de amor nos braços de Alina, e tivesse Vênus descido à Terra para tomar-me como amante, ouso dizer que a rejeitaria em prol daquela meretriz, estrábica, afundada em drogas e com hálito de nicotina. Prometemos mundos e fundos um ao outro; eu que jamais a deixaria, ela que nunca mais usaria drogas e viria ao Brasil comigo.
O que mais falamos e fizemos naquela noite, apenas nossos corações haverão de armazená-lo. Procul este, profani!
[Continua no Cap. XVI]