O Perfume do meu Sertão- Para início de prosa

Primeiro Capítulo

"As nuvens brancas corriam pelo céu azul que anunciava um novo dia. O solo ainda estava umido e lamacento por causa da chuva severa que havia caído, durante toda a madrugada, chuvas dessas que parece que o céu está descontando as suas mágoas

sobre a humanidade".

"O vento agora na manhã soprava leve, entre as folhas das palmeiras e seus frutos caíam diretamente no lago, onde os patos se banhavam em festa! As copas das árvores apinhavam-se de pássaros, cantavam as diversas melodias, animando os seus filhotes a darem o seu primeiro vôo sob a planicie sertaneja".

"A terra coberta de verde convidava o gado para um verdadeiro banquete, ao lado do rio esplendoroso que corria forte até alcançar os pés das diversas lavadeiras, cantando felizes e satisfeitas por tirarem o seu sustento do curso das águas.

Perto das lavadeiras ouvia-se o som da viola, batida perfeita homenageando esta paisagem, que revelava uma paz intensa.. Um desejo divino que tudo isso se mantivesse intocável".

Ao longe havia uma menina admirando toda aquela beleza, estava parada.. Imaginando o que poderia ter além das colinas verdes, olhava profundamente para o céu azul com a esperança de ver o que tinha além do Sul de tudo aquilo.

Todas as manhas a jovem subia nesta mesma arvore, com a esperanca de enxergar alem do que podia.. A esperanca era tamanha que lhe faltava ar de tanta curiosidade.

De repente toda aquela paz que a paisagem destribuia, e toda aquela curiosidade revelada pelo olhar da jovem, foi quebrada pelo barulho de tiros vindo do horizonte...

A menina se assustou, mas logo lembrou que era seu pai... O Sr. João Miguel, anunciando a sua chegada e pela disparada trazia notícias da cidade.

Logo que ouviu os tiros a menina escuta alguém lhe chamando da janela...

Sebastiana: Eulália!! Oh Eulália! Dessa já dessa árvore e corre pra sala, não viu que seu pai está prestes a chegar?! Menina Aluada!!

Ao ouvir os berros de sua mãe, a jovem Eulália rapidamente desse da árvore e corre através do longo quintal, pulando as galinhas e derrubando o pote de grãos que estava perto da porta da cozinha.

Passou feito um jato pela cozinha, soltando um berro que assustou a cozinheira..

Eulália: Bom Dia Maria!!! Sua linda!

E Maria ria pela falta de juízo da jovem mas atenta com suas panelas ao fogo.

Por perto já poderia se ouvir os cavalos e a voz rouca do fazendeiro, os dois filhos já estavam no salão no aguardo.. Sebastiana como sempre sóbria também esperava bordando em sua cadeira de balanço, a sala estava quieta para a chegada do patriarca, o silêncio foi quebrado com a chegada da menina peralta batendo seus pés pelo assoalho de madeira.

Sebastiana: Que isso abestada! Já falei pra ter modos...

Se fizer alguma graça pra seu pai, vai levar uma boa lapada!!

Senta logo na cadeira e faça cara de santa.

Eulália senta-se rapidamente na cadeira ao lado de sua irmã Lúcia, e a sala novamente fica em um silêncio quase insuportável...

Da frente da fazenda ouvem-se risos e a voz potente do Sr. da casa, pelo jeito trouxe visita... Os passos de João Miguel eram fortes, como de um elefante, as escadas estremeciam com o seu peso colossal, de repente entra na sala Miguel e seu amigo de longa data, um tal de Jair.

Os dois se conheceram nas mesas de jogo e viraram sócios no comércio de carne, coisa que se da um bom capital.

João Miguel entrou rindo com o amigo e logo se deparou com a família na sala, coisa que prestava muito pois expressava tradição!

João Miguel: Olha, mais que beleza!

E assim que eu gosto meu amigo...

Minha família me esperando no salão, a sua e assim tumbem!?

Jair: E sim... Lá em casa se não tiver ninguém na sala esperando...

O chicote estrala!! Há há há

João Miguel: Isso mesmo cumpadre.. Não pode dar mole pra essa gente!

Tem que mostra quem manda!!

Oh! Bastina!! Morreu mulher?

Vem comprimenta o amigo!! Agora!