Zeco, o órfão - cap. VII - Epílogo
ZECO, O ÓRFÃO
CAPÍTULO VII
Epílogo
Meses se passaram após todos esses acontecimentos. A vida familiar de Zeco era harmonia e felicidade. Num domingo estavam todos na piscina a aproveitar um belo dia de sol. Entre os familiares de Zeco, um amigo: Rodrigo. Este era seu melhor amigo e tornara-se igualmente amicíssimo de Pablo e Luciano. Todos se divertiam a valer. Zeco e Maurício se afastaram um pouco e se puseram a dialogar sobre as transformações ocorridas em suas vidas.
- Sabe, Zeco, às vezes fico a matutar sobre tudo o que ocorreu a mim e aos demais. Antes de você a vida nos era sofrível, meu pouco salário quase não chegava para nossas mais urgentes necessidades. Agora tudo mudou e mudou drasticamente. Reflito assim: será justo que tenhamos nos apropriado de tantos valores que não fizemos esforços para tê-los? Tudo nos caiu de mãos beijadas... nem sei mais no que pensar...
- Pai Maurício, você não deve se martirizar com esses pensamentos. Não fui eu quem roubou, não foi você, não foi minha mãe nem meus irmãos... A vida simplesmente nos colocou a par destas coisas sem que tivéssemos como nos livrarmos delas. A quem devolver tanto dinheiro?
Meu ex-pai, Alfredo Flores, foi o homem que foi, havia anos estava metido nessas coisas, foi juntando sua fortuna e a escondeu, já não tinha como saber-se como dividir o numerário caso houvesse sido descoberto um dia. Se isso viesse a ocorrer, tenha certeza de uma coisa: o dinheiro jamais retornaria à sua origem, os homens são gananciosos e desonestos, certamente os da cúpula inventariam uma desculpa e subornariam os seus inferiores e dividiriam em partes desiguais a fortuna. Lógico, os mais poderosos tomariam de conta dos valores mais elevados e, aos outros, dariam migalhas. Estas coisas você pode verificar todos os dias nos noticiários da televisão, é grande a falta de vergonha e a desonestidade não tem limites. Vivem de fraudes e mais fraudes e tudo fica por isso mesmo. Por este motivo, pai Maurício, tenho minha cabeça muito tranquila com o que hoje é nosso, coloco minha cabeça no travesseiro todas as noites e durmo feito um anjinho...
- Filho meu, você me encanta com estas suas dissertações sobre a vida. É impressionante como um garoto de apenas 14 anos pensa segundo você pensa. Positivamente, tais lições de vida têm e estão muito ligadas ao que Alfredo Flores passava para você...
- Sim, pai Maurício, a este meu modo de pensar e ver a vida, realmente devo a ele. Ele pode ter sido o que foi, mas era um homem encantador, um pai exemplar e fazia questão de preparar-me para viver segundo os melhores predicados da existência. E aí também tem um detalhe: mal sabia assinar o nome. É incrível, não é?
- Valores de educação familiar e pessoais muitas vezes independem da educação formal que você tem através dos livros. Com certeza, Alfredo Flores deva ter possuído pais maravilhosos que tudo passaram para ele e, por tabela, ele passou para você.
A transformação na vida dessas pessoas fora total. Todos passaram a usufruir da melhor maneira a fortuna que tinham em mãos. A tudo planejavam e executavam com bastante discrição, tanto que nunca chegaram a chamar de atenção de quem quer que seja. Aos poucos foram dividindo entre eles a abastança. Compraram fazendas e imóveis para que rendessem para suas vidas. Maurício Carvalho ajudou seus familiares mais necessitados, porém com tanto tato que eles apenas receberam as ofertas sem questionamentos. Zeco, como não poderia deixar de ser, colocou seu grande amigo Rodrigo entre os grandes beneficiários de sua riqueza.
Forneceu capital para que o amigo estudasse numa boa universidade particular e se formasse em Medicina, seu maior sonho. Mais tarde trabalharia diretamente com Pablo, também formado em Medicina, na administração de uma rede de clínicas espalhadas por várias cidades. Luciano, com a ajuda de Zeco e Maurício, formou-se em Pedagogia e fundou um sistema educacional, que ia desde o ensino infantil até o universitário e com várias unidades espalhadas pelo Brasil. Até Mercedes resolvera abrir seu próprio negócio: começou com um simples salão de beleza que posteriormente expandir-se-ia com várias unidades espalhadas pelas cidades do Nordeste. Maurício Carvalho pediu demissão de seu emprego público e ficou a trabalhar para os filhos e a esposa, sendo o principal cabeça dos negócios, ao lado de Zeco.
E Zeco,? Bem, Zeco conseguira formar-se em Física. Fez Mestrado e Doutorado e depois fez um teste para ser estagiário da Nasa. Foi aprovado e se mudou para Os Estados Unidos. Lá trabalhou muito, mostrou a grande Inteligência e capacidade que possuía e, findando o período de estágio, foi convidado a permanecer lá trabalhando. Tornara-se um dos mais importantes físicos nucleares da instituição e do mundo. Viajou muito mundo afora dando palestras e deixando seu nome para sempre nos anais dos homens mais preparados. E sua vida sentimental? Tivera tempo de dedicar-se a ela? Sim, na Nasa conheceu Kate, também física, de nacionalidade canadense. Os dois namoraram e se casaram com pouco tempo de convivência, fora amor à primeira vista.
Quase dez anos fazia que Zeco não via seus familiares. Finalmente encontrara espaço para prolongadas férias ao lado da esposa e dos filhos. Por sua dedicação, ganhara da Nasa 24 meses de descanso e, afinal, viriam gozar deste tempo em sua mansão, ao lado de todos os seus amados entes queridos. Zeco e Kate haviam três filhos: Rick, Albert e Dayse. No aeroporto todos estavam apreensivos, cheios de saudades de Oscar Caetano Flores de Carvalho.
- Vejam - disse Pablo, o avião está chegando...
A alegria foi geral. Todos estavam à sua espera: Pablo, Luciano, Mercedes, Maurício, Rodrigo.
- Olá, todo mundo! -Disse Zeco – Esta é minha família. E apresentou a todos, um por um. Vamos, crianças, falem, abracem e beijem seus avós e seus tios! Pediu em Inglês.
-Eles não falam português?- quis saber Maurício.
- Falam e muito bem, inclusive Kate, porque eu a ensinei.
- Que família linda, querido! – Disse Kate em Português. Tenho certeza de que vou amá-los muito!
- E aí, Rodrigo, como você está? Bonito sei que está, porque sempre foi muito belo!
- Obrigado, meu melhor amigo, você é que nada mudou, apesar dos anos, continua lindão como sempre foi...
E um forte abraço selou para sempre aquela amizade e, na mansão dos Carvalho, todos os dias eram motivos de festa.
FIM