A Viola (Novela) O Conto da Viola Chorosa 12 de março...
Dorinha da viola chorosa, cedo acordou e bem disposta se espreguiçou.
Pedro, já com 19 anos de idade, de pé encontrava, bem alinhado e arrumado ele andava. O pai Aurélio, todos os dias se levantava mais cedo. O café estava posto na mesa, exatamente como Mariinha fazia com amor e carinho. O pai na face escondia a miséria e a pobreza da terra seca. Aurélio teve que ficar em casa na parte da manhã a resolver algumas coisas, para voltar ao trabalho. Pedro ficou na lavoura a cuidar dos animais e deles tratar. Dorinha, a viola, pendurava na maçaneta da porta com um fio bem forte, feito corda. O pai alguns papéis antigos arrumava, pois havia anos que guardava, uma raridade, preciosidade. Sua filha, a casa ajeitava. Dorinha aproveitou que o pai se encontrava em casa. Chamou-o, resolveu lhe fazer uma pergunta, que desde que sua mãe faleceu a intrigou.
Um diálogo entre pai e filha.
_ Meu pai querido, tenho algo a lhe dizer, o senhor poderia me responder?
_ Sim, minha filha! Pode perguntar, estou curioso.
_ Porque o senhor não quis que a mamãe fosse velada, naquele dia que nos
deixou tão abalados?
_ Filha, eu preferi assim, que ela fosse enterrada no mesmo dia, ver tua mãe ali, a noite inteira, sem poder trazê-la de volta. Iria ser muito para mim, então evitei, mais sofrimentos, me perdoa Dorinha. Lamento!
Dorinha respondeu:
_ Agora posso lhe entender meu pai, pois aquele dia mesmo, ficamos sem noção, estávamos totalmente fora da razão, desesperados. Bom, a dúvida de Dorinha, sobre o porque da mãe não ter sido velada, foi carinhosamente pelo pai explicado, ficou mais aliviada. A filha foi o almoço preparando e das coisas cuidando. Lá chegava Pedro para almoçar e descansar. Sentou-se, o pai e os filhos na mesa, para se alimentarem. Uma mesa feita com algumas madeiras, balançava para lá e para cá, mais nem com isto importavam, pois com a barriga a roncar. Todos estavam tristes, inclusive o povo da cidade nordestina. Seu Aurélio logo se arrumou, seus
pertences pegou, em cima do animal montou ao trabalho se apressou. Pobre homem, mas tinha que dos filhos ainda cuidar e da criação tratar. Pedro, com 19 anos de idade, ajudava o pai na lavoura. O sol castigava a cidade nordestina, o calor ardente, por toda cidade espalhava. Lá vinha o irmão e a Dorinha como sempre com a viola colada ao corpo. Chegavam da escola. Pedro exclamou!
_ Ufa! Da onde vem esse calor, meu Deus, de onde sucedeu?
Dorinha achou engraçado e sorriu para o irmão meio palhaço. Pedro conheceu uma menina na escola por quem se apaixonou, quem sabe o amor ele encontrou? Seu nome Lucinda, 18 anos de idade, sistemática, da cara fechada, vivia emburrada. Mais Pedro, nem ligava, pois era por ela que se apaixonara. Já Dorinha da Viola não queria saber por enquanto de namorar, somente de tocar e cantar e aos amigos encantar. Aurélio conseguiu uma pequena quantia em dinheiro juntar, iria pagar o que ao João do boteco devia. Saindo do trabalho a galope com a Salomé, parou, fundo respirou e ao botequim adentrou.
_ Boa tarde, seu João! O dono do botequim respondeu:
- Olha só, quem é vivo sempre reaparece.
- Vim lhe pagar o que devo.
O João fez as contas e entregou para Aurélio.
Passou o sufoco, pois não via a hora de pagar esta dívida.
Seu Aurélio lhe pediu desculpas e foi embora. Chegando em casa, lá estava Pedro com a namorada Lucinda. Cumprimentou-a e com vergonha a cabeça abaixou. Aurélio nem ligou, muito cansado estava se adentrou. Viu a Dorinha com a viola a tocar e a cantar. O pai se aproximou e o seu segredo a filha revelou.
Surgiu então uma conversa entre os dois:
- Eu também, filha, cantava e tocava, quando tinha mais ou menos a sua idade.
Dorinha os olhos arregalou, espantou, mais ao mesmo tempo alegrou.
- Então me conte pai, como foi que o senhor aprendeu?
Lágrimas na face de Aurélio escorreu, por lembrar um pouco da infância.
- Aprendi como você sozinho, devagar logo já estava eu tocando e cantando, minha filha. Dorinha ficou muito feliz e o pai começou a ensinar sua filha o pouco que sabia e o que aprendeu com a música, seus tons e semitom. Foi até o quarto, uma folha pegou, que guardava em uma escrivaninha, era o seu tesouro, valioso como ouro.
Mas tudo isto tinha uma razão de ser do verbo querer. Era uma música feita por ele, anos guardara. O pai mostrou a letra para Dorinha e disse a ela:
_ Minha filha, leia esta música com muita atenção, que cada palavra possa entrar em seu lindo coração.
_ Esta letra você vai ensaiar... tenho a certeza, é com ela que a todos
você vai muito encantar. Pronto o sucesso de Dorinha da Viola, vinha em vôos arrasantes em uma pequena folha penetrante. Dorinha sonhou e sempre acreditou. De agora em diante, nova estrada, caminhada, nesta nova empreitada. A viola de Dorinha acordara.
Luciana Bianchini