A Viola (Novela) O Conto da Viola Chorosa 08 de março...
Seu Aurélio pulou da cama, no relógio olhou -
5:30 da manhã apontava o ponteiro.
Rápido levantou, para cuidar da única criação
que, devido a seca, lhe restou.
Os animais já sentiam a malvada seca.
Tomava no semblante daquele homem
valente, uma grande tristeza.Cuidar daqueles
animais era mais que uma obrigação, era da
família, o ganha pão, no meio daquele triste sertão.
O sol estatalava sem indício algum de chuva. Infeliz
destino, no céu nordestino!
Dorinha se levantou na
carreira com a viola chorosa ligeira, sempre agarrada
à cintura de pouca altura. Pedro também, logo
despertou-se. Dona Mariinha, já tinha feito o café
e posto a mesa, sempre alegrinha com os filhos e o
esposo, procurava não demonstrar a doença que, aos
poucos, ia se propagando, aumentando. Tentava
esconder tamanha agonia que parecia o destino
lhe trazia. Dorinha junto com a viola e o irmão
acabara de tomar o café da manhã. Pedro foi
correndo ajudar o pai tratar dos animais. Dorinha
que jamais desgrudava da viola, prontificou-se
a ajudar a mãe. Mas Mariinha a atenção de sua
filha chamou. E com os olhos arregalados, exclamou!
__ Minha querida filha, guarda um pouco esta viola,
pois dela não se desgarra.
Dorinha com as mãos calejadas, respondeu:
__ Minha mãe querida, eu lhe ajudo nesta enxada,
mas não me tire esta viola, tão por mim preciosa e
amada. Mariinha se calou e as duas o trabalho
continuou. A hora logo passou, 11:00 da manhã.
Dorinha com a viola abraçada a cintura e à mãe
chegavam do arado. Pedro e o pai Aurélio, do pasto.
Mariinha já foi logo arrumando o feijão com farinha,
pois era a única coisa que para comer tinha.
Sentaram-se todos à mesa, que mal cabia. Alguém
chamava pela cerca. Era João, amigo de Dorinha.
Acabou de comer e foi logo João atender. Ele lhe
pediu um favor, queria que Dorinha tocasse a viola.
Ela sorriu, atendeu ao pedido e debaixo de uma sombra,
sentou-se com ele ao chão. João curioso, perguntou a
Dorinha, como aprendeu a tocar viola. Muito educada,
lhe respondeu:
__ Meu amigo, que legal, temos quase a mesma idade,
esses dias tinha meus 6 anos e hoje tenho 10. Sorriu!
__ Bom, assim que ganhei esta viola, de meu pai e
minha mãe, eu mesma em meu quarto aprendi com o
meu próprio esforço e outra coisa João eu mesma
afinava a viola, tocava e baixinho cantava.
O amigo ficou muito contente e a elogiou:
__ Parabéns Dorinha, pois não é para qualquer um não.
__ É muito inteligente!
Dorinha agradeceu e continuou a tocar e a cantar.
Já estava ficando tarde, despediu-se do amigo,
sempre com a viola grudada às mãos. Pedro e o
pai apontavam de longe junto com a eguinha
Salomé, custando a carregar aquele barril de água.
Que todos os dias faziam esta travessia, distante,
buscando esta água na fonte. O trabalho ali entre
todos era árduo e penoso, mais era preciso pela
luta a sobrevivência e para seu sustento.
Pedro e Dorinha com a viola chorosa perceberam
que algo estava errado com a mãe.
Começaram a desconfiar. Daquele instante, o dia
se entristeceu, o céu fechou, estarreceu. Uma grande
tristeza se formou e a viola de Dorinha, que
tocava chorou.
Luciana Bianchini