Paixão proibida

Rio,22/02/14

Primeira parte

Era mês de verão na cidade de visconde de Mauá por volta de 1995. Há pouco mais que 800 km, do Rio de Janeiro adentrando a estrada Rio São Paulo cortando pela Via Dutra km 311. Ao chegar era possível visualizar a beleza do Parque Nacional de Itatiaia, e as placas que apontavam o caminho rumo a Maringá, Ma romba e a própria visconde de Mauá. E, toda a beleza de paisagem natural, onde o gado se espalhava debaixo dos arvoredos.

A família Almeida Albuquerque eram fazendeiros e ordenhavam a ovelhas, lidavam com o gado e manuseavam o leite fazendo uso de aparelhos higiênicos para melhor consumo. Essa produção era exportada para várias cidades e países sul americano, devolvendo os lucros necessários para o reembolso da família. Além de estarem voltados para o mundo. Cultivam a lavoura cafeeira, o açúcar a soja, o bananal e o pomar dos mais bem cuidados da Região Serrana.

Seu Irineu era um homem muito bem apessoado e tinha um filho de conduta duvidosa. Casado com dona Zoraide vivia em pé de guerra, por causa das suas idas e vindas a boate. Dona Zuleica era também uma mulher bonita do tipo de aparência européia qual tinha descendência. Exigiam de Sergio o compromisso feito com a filha dos Campos Belo qual se oficializou, desde quando eram pequenos e tinham afinidades, quase que parentesco.

Sergio e Patrícia viviam discutindo, pois, ela queria que mostrasse o mínimo de afeto diante dos outros, era frio com ela:

_ você podia pelo menos ser carinhoso, comigo.

Entraram no escritório durante a festa que os pais preparavam para receber os colonos que iam cultivar ainda mais a horta da fazenda, e as flores:

_ Você precisa entender que há tempo e hora, para se fazer as coisas.

_ Somos noivos se você não sabe. _ Pegou o cigarro para acender e ele tirou das mãos dela: _ Ou você se esquece disso?

_Patrícia, você não vai usar essa porcaria na minha frente. Sabe muito bem que detesto isso.

_ Você é todo metido a certinho, e, é muito pior que muitas pessoas.

_ Que dedução maravilhosa. _ Agiu com escárnio irritando.

Serviram o vinho e ele preferiu a água Tonica. Enquanto ela aceitou e acendeu o cigarro mesmo contra a vontade dele.

Era ótima administradora de empresas, corria atrás dos empreendimentos para encher os restaurantes não só para receber os alimentos, mas, negociar diversos patrocínios. No entanto, era mimada e ciumenta demais. Cheirava suas roupas, vigiava seu passo se tornando cansativa.

Era uma mulher charmosa com seus miúdos cabelos aloirados no estilo Chanel. Vestia-se ao estilo neoclássico e levava tudo a ferro e a fogo. No amor usava toda intensidade e se odiasse daria no mesmo.

Sua família tinha toda paciência para lidar com seu jeito genioso. O restaurante ficava do lado da Pousada das flores. e nesta pousada a bonita e graciosa Luísa Carla encantava os pousa distas, dançando a dança do ventre ao som dos bandolins, do pandeiro e da castanhola. O pai não via aquele gesto com bons olhos, mais desde que a moça começou a dançar para mostrar o que havia aprendido na Academia Lorena Moreira que todos exigiam sua presença batendo palmas no salão principal da pousada.

Luísa Carla encantava e arrancava tantos suspiros que até o jovem Sergio se apaixonou por ela. Os cabelos negros como as asas da graúna, caíam-lhe sobre os quadris largos e cintura de pilão. Seios eretos e gestos galanteadores capazes de enlouquecer, o homem mais correto do mundo.

E assim ele deixava a festa para ir ver um pouco, aquela asa de graúna que bailava sem parar. Luísa Carla tinha catorze anos e vivia enfiada na igreja católica por vontade dos pais. Dava aulas de catecismo e participava do grupo jovem da igreja indo sempre a frente das carreatas nas festas de Nossa Senhora da Paz. O medo de seus pais era que o padre chegasse repentinamente, e visse os modos da moça, dançando daquela forma sensual que suspirava os homens e os convidavam a gastar mais.

No fundo a moça não gostava da igreja, mas, obedecia a vontade de seus educadores se mostrando direita e de juízo que não tinha nenhum, quando se juntava com os amigos da escola e partiam para a farra. Combinavam irem escondidos ao Social Clube de Mauá. E se vestia tão abertamente, quanto era a maquiagem que a tornava aparentemente, maior de idade para ter garantia de acesso. Daniela, Egídio, Marluce, Caio, Gabriela, Felipe e Igor viviam enfiados dentro do terreiro de Mãe Quita de Oyá. Qual ficava para o lado de Poço das Antas aonde havia belíssima cachoeira de águas traiçoeiras que puxavam as pessoas.

Daniela e Egídio eram seus filhos carnais e andava preocupada com o destino malfazejo de se meterem com droga, mesmo que fosse raro o uso do consumo, faziam estrago. Felipe e Igor freqüentavam o terreiro como filhos de santo ajudando e participando das festas agradáveis com comidas apetitosas. Caio Gabriela e Marluce também, eram cria da igreja Nossa Senhora da Paz. Ao lado de Luísa Carla fizeram a primeira comunhão e organizavam o grupo jovem.

Sergio namorava Luísa Carla escondido de seus pais. Todos sabiam que era noivo de Patrícia e não ia aceitar seu envolvimento ainda mais tendo o quase o dobro da idade dela:

_ Sergio, que bom veio me ver. _Disse ela afoita sendo levada para os arredores da pousada onde se via um jardim modesto e secreto:

_ Não agüentava mais aquela gente chata da festa da minha casa. _ Murmurou ele abraçando-a e tascando-lhe um beijo: _ Minha querida como amo você. _ Beijos e abraços apertados encostando-a na parede.

_Ai querido, eu te adoro. Termina com a Patrícia e pronto.

_ Toda vez que vou falar ela desconversa.

_ Então, ficamos noivos e ela que saiba pelos outros.

_ E eu que me entenda com minha família não é sabichona. _ Risos:

_ Alguma atitude você tem que tomar. O que não pode é ficar desse jeito dando bobeira. Daqui a pouco meus pais o proíbe de vir aqui para sempre e como vai ser.

_ verdade. _ Admitiu preocupado vendo a câmera enorme que os flagrou naquela situação gostosa:

_ Aaaaaaaaa! Olha aí o cheio de compromisso! _ Caio, Gabriela e Marluce estavam sentados no muro.

SEGUNDA PARTE

_ Me devolve essa porcaria_ Ordenou Sergio aborrecido.

_ Aproveita agora bobo e fica noivo comigo. Pelo menos ficará entre a gente, não é galera!

_ isso mesmo, noiva com a moça de família. _ Comandou Caio se acabando de rir: _ Se não nunca mais vai molhar os biscoitos no leite dela.

_ Há... Há... Há... Há! _ caíram na risada às moças: _ Iupi! Fora!

_ A Luísa Carla me aceitou e vocês não têm nada com isso.

_ Qual é cara, você está embromando a coitada?

Seu Evilásio vinha acompanhando seus funcionários que traziam as caixas de mantimentos para encherem a dispensa, quando ouviu o murmúrio do lado de fora da janelinha que dava para o jardim secreto. Havia pequena portinhola que o levava até lá. Os jovens eram de uma barulhada sem dó aos ouvidos. O som do aparelho qual usavam tocava a música adoidada que curtiam.

“O Pimpolho é um cara bem legal,

Pena que não pode ver mulher.

Na dança ele já pede pra baixar,

“Já pede pra baixar, ela pede pra parar ele não quer”.

E zombavam da cara de Sergio fazendo insinuações que o irritou tanto, que quase começou a briga entre ele e Caio. Gabriela, Marluce e Luísa Carla tentavam dispersá-los.

Seu Evilásio correu no jardim e separou a briga.

Ficou pasmo com o que viu. O exímio industrial metido no meio dos jovens aprontando algazarra na sua pousada:

_ Escuta aqui, rapaz, você não tem o senso do ridículo?

_ Peço-lhe mil desculpas seu Evilásio. _ Disse ele se ajeitando: - Eu estava conversando com a sua filha quando eles chegaram filmando a gente, para postar na internet.

_ E pretende postar o quê, Caio Gabi e Marluce?

_ Esse daí está enrolando a Luísa Carla dizendo que vai noivar com ela. _ Disse Caio não dando importância ao apelo da moça amedrontada:

_ Como é? Você não é noivo da Patrícia seu cara de pau?

_ Acontece papai, que eu e o Sergio estamos ficando a um tempão. E ele ainda não falou com a Patrícia porque ela é uma chata de galocha, e não deixa tocar no assunto, de separação.

_ Coisa nenhuma!

_ Por favor, seu Evilásio eu ia falar com a Patrícia. Mas, ela é tão insensata, difícil de lidar.

_ Não quero saber do senhor metido com a minha filha. Mesmo porque a sua família nunca iria permitir e não estou aqui para enfrentar os Almeida Albuquerque. Entra Luísa Carla, agora e vocês, se mandem daqui!

Pegou-a pelo braço e saiu arrastando-a grosseiramente, subindo as escadas:

_ Ai, para papai. O senhor está me machucando!

Dona Gertrudes os acompanhou tentando conter o esposo:

_ Querido, olha os hóspedes vai incomodar com todo esse barulho.

_ Barulho pior estavam fazendo no jardim. Sua filha está enrabichada com o Sergio Almeida Albuquerque que é noivo da Patrícia Campo Belo.

_ Eu sou bem grandinha para decidir o que quero.

_ Acho bom você não se atrever a me desrespeitar ou vou enfiá-la num convento.

_ Nem se usa mais isso se o senhor não sabe.

_ Então, duvida da minha capacidade de contar tudo isso para o padre e vai ver se ele não arranja um bom lugar para você.

Atirou-a no quarto de castigo.

Dona Gertrudes chorava envergonhada. O comportamento diferenciado que mostrava ultimamente:

_ Não adianta chorar, devia tê-la educado melhor. _ Disse ele, sentando-se na cadeira de seu escritório da pousada:

_ Muito fácil me acusar Evilásio. _ Ditou ela sentida: _ Também tenho afazeres quais não posso deixar de lado para o bom andamento da pousada:

_ Tem funcionários o suficientes para isso Gertrudes. E depois, a Luísa Carla precisa de alguém que a vigie, se não, irá cair na perdição. Olha o que estou te falando. E se isso acontecer, você será a única culpada. – apontava-lhe o dedo na cara.

_ Tenho o direito de multiplicar o meu negócio com a comida e os bordados que vendo aqui. Quanto a ela, devia está nas horas vagas dividida entre a igreja e a aula de dança com a Lorena de olho nela.

Evilásio ficou perplexo com seu modo egoísta de pensar. Lorena tinha seus problemas particulares. E Gertrudes achava que por ser sua irmã tinha que cuidar de Luísa Carla, já que não podia ter filhos e vivia andando em tudo que é simpatia, e casa de feitiço para alcançar seus objetivos. Há muito que Evilásio não falava com ela por ter procurado os serviços de mãe Quita.

Leonel era ateu e não aceitava nada que se falava de deus. Desde os sete anos pegou no ofício e hoje comandava a academia de ginástica da cidade mantendo a forma física de quem se interessar possa. A outra irmã que tinha era Madre Superiora do Convento de Nossa Senhora da Paz e ficava nos arredores, de Araçá. Nunca mais procurou ninguém, e se souber da história de Lorena então. Tudo se sabe em Visconde de Mauá.

Na manhã seguinte quando saiu do colégio ela e os amigos foram para a academia de dança. Onde paravam arrumavam encrenca. Lorena falava com a mãe no telefone Dona Esmeralda estava preocupada com o destino triste da filha de não poder engravidar. O som alto do rádio deles impedia-a de ouvir direito e ela ralhava, no seu modo manso de ser:

_ Abaixa isso, bando de pestes!

“Bate forte o tambor

Eu quero tic tic tic tic ta...”

_ Poxa, tia tem dó! _ Resmungou o som diminuído.

_ Eu to no telefone beldade preciosa, da titia. A sua avó está na linha.

_ Filha, quem está aí?

_ A Luísa Carla e o bando dela.

_ Ai que saudades, diz que mandei um beijo e assim que der, vão visitá-los.

Tapou o telefone falando com ela;

_ A vovó manda um beijo e logo que der irá visitá-los.

_ Me deixa falar com ela. _ Puxou o telefone toda peralta e Lorena impedindo:

_ Sossega, garota dos infernos!

_ Ai hein, dos infernos... Até sua tia sabe. Riam dela. _ Disse Egídio se lembrando da mãe; _ Nem minha mãe ia precisar perder tanto tempo com os búzios.

_ E olha que viveu na igreja. – Marluce caiu na gargalhada.

_ Coitado do padre quando souber. _ Igor se acabava caindo na pele de Luísa Carla, que se alterou começando a briga:

_ Dos infernos são vocês, que me enfiaram nessa!

_ Parou! _ Gritou Lorena afastando-os dali e ficando só a menina. _ Pois é mamãe o Leonel está uma pilha de nervos me cobrando um filho. Já não sei o que fazer.

_ Por que você não vai lá, na casa da Dona Quita filha. Não é assim que a conhecem?

_ Fui lá mãe e fiz os trabalhos tão bonitos. Mas, Mãe Quita me advertiu muito entristecida, que o que Deus não quer nem ela podem fazer nada. Pediu para que eu desse tempo ao tempo.

_ E os exames que você fez?

_ Ainda não fui pegar, mas, vou ver amanhã, já deve está pronto. Beijo tem que dar aulas.

Dinah Costa
Enviado por Dinah Costa em 21/02/2014
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