Continuação de :Quando brota o amor I

esquecesse aquela idéia. Ele, porém insistia, mas a menina mantinha-se sempre longe de seu admirador. D. Marlene resolveu levar o caso ao seu esposo. Seu Joaquim, então sugeriu que ele voltasse para a casa de Seu Pedro, pai de Joaquim e tirasse sua filha da cabeça. Cláudio fingiu concordar.

Quando seu Joaquim saiu do quarto de Cláudio, este já se encontrava de mala pronta. Pulou a janela do quarto e fugiu para a grande cidade de Campinas –S. Paulo. Deixou claro que esperaria Joice completar dezoito anos e viria pedir o casamento, na certeza de que ela aceitaria. Seu amor doentio fazia ele acreditar que ela também o amava. Joice ficou bastante triste com a situação, se sentiu, inclusive culpada. No entanto, nada podia fazer para ajudar o rapaz. A vizinhança toda ficou triste pelo que aconteceu.

Neste período, Joice já sabia que Cláudio tivera um caso com sua Tia Margarida. Esta Tia era considerada a mais bela da família o “ não me toque,” “o xodó “ da casa . Ela se casou e se envolveu em longas brigas com seu esposo, por ter omitido o fato a ele. Guardava a sete chaves o segredo deste romance carnal com Cláudio. Somente Joice e sua irmã Jacira sabiam deste caso, porque Tia Margarida se abriu com Jacira, sua sobrinha, que se abriu com Joice, e pediu segredo.

Não há mágoa que o tempo não apague, já ouvi alguém dizer isso. Faço essas, minhas palavras. Tudo ficou para trás. O casal se entendeu. Cláudio desapareceu. Joice acreditava que ele não voltaria a procurá-la. Sentia-se livre.

Quatro anos se passou. Joice, com dezoito anos tem um namorado que descobre, por intermédio de outros, o caso de Cláudio e seu interesse por Joice. Júlio, o namorado de Joice, descobre que Cláudio durante muito tempo, manteve um romance secreto com a irmã de Joice, que na época estava na idade de oito anos. Cláudio, um homem de 23 anos, tira a virgindade da menina de oito anos apenas, que para os pais era também a mais bela. Nesse tempo, a mulher ainda era tratada de modo muito severo . Sendo virgem até a hora do casamento significava muito para as famílias deste período de 1950. Tia Margarida e a irmã de Joice rompem com esta regra de família seduzidas por Cláudio .

Júlio levou o fato a Joice devagarzinho até fazê-la conhecer a história completa . Judite, a irmã menor de Joice, percebeu que a história estava a caminho . Contou tudo a Joice . Afirmando que se envolveu com Cláudio, porque queria saber como os bebês vinham ao mundo. Era bastante inocente e curiosa !!

Joice guardou o segredo da irmã. Seu namoro com Júlio terminou . Ela não se interessava tanto assim por ele. Desconfiou que esta atitude do namorado, era mais de desconfiança para com ela. Ele, como todo homem cafajeste, procurava uma lacuna na vida de Joice para forçá-la à um envolvimento mais carnal, mais ardente. No entanto, se deu mau. Ele que pertencia a uma família de poder aquisitivo muito prestigiado na sociedade, pensou em manipular a garota.

Anos depois, Seu Joaquim e D. Marlene compram um sítio e nele se instalam, numa cidade interiorana chamada “ Paraisópoles, no estado de Kefim. Levam três filhos solteiros e Joice. Era bastante terra para ser cultivada. Plantavam arroz, café e outras culturas. Possuíam umas vaquinhas para tirar o leite para consumo próprio . Eles que eram nordestinos, apreciavam a coalhada, também faziam queijo. Com o milho, faziam fubá no pilão. Dele faziam a saborosa polenta e o cuscuz. A primeira tiragem do milho socado que saía mais grossa, D. Marlene chamava de “quilera”. Ela dava aos pintainhos e também fazia o xerém para o café. Os paraibanos também gostam da buchada de bode . Ali cultivavam também a mandioca para fazer farinha, extrair o povilho, fazer também a massa puba .

Passou-se mais uns três anos. E lá estava Cláudio chegando a casa de Joice para pedir o casamento. Chegou à noite. Joice fingiu não conhecê-lo. Apenas cumprimentou-o formalmente . Conversando com sua mãe, ficou sabendo que Cláudio voltaria a morar em sua casa, no sítio. ( Nesse período, só Joice era solteira ). Ela, que era professora numa escola rural e pensava em fazer carreira. Assim, Joice resolveu contar a sua mãe que se sentia em perigo com um homem, dentro de casa, que teve caso com duas mulheres da família e queria envolver uma terceira. As duas : mãe e filha corriam perigo .

D. Marlene ficou triste com toda a história, contando ainda a Joice, que em toda casa que Cláudio era acolhido, ele seduzia uma das mulheres, por esse motivo não parava na casa de ninguém. A família demorava a descobrir, quando descobria a mulher já estava casada. O marido acabava aceitando tudo. No caso de Tia Margarida , que era branquinha de longos cabelos lisos, os pais morreram sem saber de tal história. Desta forma D. Marlene entendeu porque ao aproximar a data do casamento de Tia margarida, ela emagreceu tanto e parecia aflita demais. Era medo do seu esposo fazer escândalo e levar seu caso a público. Ele não fez isso .

D. Marlene então disse a Joice um famoso dito popular : “ _É o uso do cachimbo que faz a boca ficar torta “. Cláudio aprendeu a ganhar a confiança de todos, e usou essa característica a seu favor . Ninguém descobria. As meninas não falavam a seus familiares com vergonha ou medo de serem castigadas. Cláudio se acostumou a fazer isso e ficar impune. Ele não procurava mulher da idade dele , somente as novinhas. Ela e Seu Joaquim acreditavam, que ele havia se modificado e não fazia mais isso. A decepção para eles foi grande . Necessitavam de gente para trabalhar no sítio, gostavam daquele rapaz, e agora não podiam confiar mais nele. Sentiram como se tivessem perdido um filho. D. Marlene e Seu Joaquim eram pessoas tão simples que dava pena . Seu Joaquim era desses que só sabiam escrever o nome . Conhecia as letras, mas não conseguia ler e nem escrever . D. Marlene lia e escrevia pouco .

D. Marlene assim concluiu : Cláudio fugiu de sua casa com medo de ser descoberto, a qualquer hora, seu envolvimento com Judite. Não voltou à casa de Seu Pedro, seu sogro, com medo do esposo da Tia Margarida que moravam no mesmo sítio. Quando tudo fosse descoberto, ele teria suas duas pernas quebradas, no mínimo .

Seu Joaquim, quando soube de tudo, chamou Cláudio na conversa dois a dois. Disse para ele : “ __ Para você vir morar conosco, precisa aprender a respeitar minha família .” Cláudio ficou da cor de um mamão maduro. Em seguida, Seu Joaquim cheio de mágoa esclareceu-lhe algumas verdades e o despediu. Cláudio percebeu que fora descoberto .

Nunca mais Joice ouviu falar de Cláudio. O maior passo errado de Cláudio foi se envolver com criança , o outro foi se apaixonar por Joice. De acordo com um famoso ditado popular : “ É o uso do cachimbo que faz a boca ficar torta,” e com ela, a nossa vida.

Por longo tempo a pedofilia era tolerada ou ignorada em muitos países, porém isto vem sendo modificado, com a aprovação sucessiva de tratados internacionais . Desta maneira, em 1969 a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança realizada pela ONU, ( Organização das Nações Unidas ) declara no artigo 19 a obrigação aos Estados de adotar medidas que protejam a infância e a adolescência do abuso, ameaça ou lesão à sua integridade sexual . A pedofilia como contato sexual entre crianças e adultos, se enquadra juridicamente no crime de estupro de vulnerável . Com pena de oito a quinze anos de reclusão, é considerado crime hediondo.

Lindalva
Enviado por Lindalva em 25/10/2013
Reeditado em 10/11/2013
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