Uma Mente de Criança — Capítulo 1 – Parte 2

Hoje é meu segundo dia de postagem aqui no Recanto das Letras. O deixo com a segunda parte ainda do primeiro capítulo. Caso você deseje adentrar mais nessa aventura, convido-o a acessar o meu blovel Uma Mente de Criança (mentedecrianca.blogspot.com). Neste momento inicio o segundo capítulo da história.

Um grande abraço,

Rafael Marchesin

Capítulo 1 - Parte 2

Eu nunca conheci um narrador com coração. Mas, como, fisiologicamente, os sentimentos não vêm deste órgão e como eu sou fruto de uma imaginação incoerente, não posso negar que sou totalmente parcial enquanto tomado pelos meus desejos e emoções.

É claro que ver esse pobre e machucado menino preso num escuro buraco me comove e é por isso que eu faço com que chegue até seus olhinhos um pequeno feixe de luz. Suas íris são condicionadas num movimento repentino tomando-o de uma rápida sensação desagradável. Mas, ao mesmo tempo, o coração não fisiológico do menino, que até então estava terrivelmente vazio, é tomado de esperança.

Seus olhinhos ardem, mas não importa, eles se voltam em direção ao pequeno feixe de luz lá no alto. Se você estivesse no buraco com o menino, perceberia que é possível escutar o sangue pulsando em suas veias numa velocidade ainda mais rápida que antes. Se seus ouvidos se aproximassem dos lábios do garoto, escutariam a respiração se adensando e sentiria fracos sopros de vento tornando-se mais quentes e mais rápidos.

Aquela luz reluzia como se proveniente de uma chama que crescia dentro do menino. Tanto quanto a esperança aumentava, a luminosidade se expandia.

Os olhinhos ainda doloridos foram lentamente serrados e, para alegria do pequenino, ainda estavam iluminados e ele pode ver seus minúsculos vasos sanguíneos ainda cheios de vida em meio ao rosa-alaranjado de suas pálpebras. Contraiu levemente os lábios e revelou para quem lá estivesse um sorriso todo sujinho.

Rafael Marchesin
Enviado por Rafael Marchesin em 11/10/2013
Código do texto: T4520866
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