Uma Mente de Criança — Capítulo 1 – Parte 1

Este texto faz parte da história Uma Mente de Criança que ainda estou escrevendo, publico um trecho por dia sendo que ao final de cada semana completo um capítulo. É uma narrativa extensa e que perdurará por vários dias, semana ou, talvez, meses. Nesta publicação, apresento o breve prefácio da obra e a primeira parte do primeiro capítulo. O primeiro capítulo já está encerrado, caso queira lê-lo por completo, basta acessar o blog Uma Mente de Criança (mentedecrianca.blogspot.com). Lá você também poderá acompanhar diariamente cada trecho da publicação.

Desde já agradeço o seu interesse pelo meu texto e, se possível, deixe um comentário ao final da leitura criticando positivamente ou negativamente minha escrita.

Agora, vamos deixar de papo, não é mesmo? Uma ótima leitura!

Grandes abraços,

Rafael Marchesin

Prefácio:

Essa narrativa é inconsequente.

Capítulo 1 – Parte 1

A primeira coisa que quero que imagine é a escuridão por completo, tão escura quanto no momento em que você apaga a luz antes de dormir. Não. Mais escura que isso. Imagine. E agora acrescente um som rítmico. Seu ritmo não é tão rápido quanto os segundos do relógio. Som. Um, dois, três. Som. E novamente e som.

Talvez você devesse fechar os olhos e tocar a parede. Dificilmente ela estará úmida, talvez gelada, mas não úmida, portanto, imagine-a úmida, quando distanciar sua mão dela, perceberá que pedacinhos de terra grudaram em sua palma. Não havia nenhum pedacinho de raiz capaz de suportar qualquer peso, mas, se existisse, de nada adiantariam, ao menos não agora.

Se você prestar bem atenção, perceberá que o som rítmico é semelhante ao pingar de uma gota na torneira da cozinha, mas ele é repleto de eco, um som mágico e distante, agradável e a única coisa prazerosa no momento.

Abra os olhos e não veja nada. Aguce os ouvidos e escute água.

Sinta-se consciente e ao mesmo tempo não sinta nada.

Agora não quero mais que você imagine nada, apenas leia as seguintes palavras:

A escuridão que você viu é um buraco sem profundidade. Em sua base, um corpinho minúsculo jaz sentado e com as costas apoiadas na terra úmida. A palma de sua mão direita está apoiada no fundo com as costas voltadas para baixo enquanto a outra se apoia já faz algum tempo contra o osso quebrado logo acima do tornozelo. De três em três segundos uma gota de água cai sobre a palma aberta da mão direita, mas já não há mais força no fino bracinho para leva-la até os lábios.

A dor já passou. O medo já passou. A solidão já passou.

Restaram-lhe apenas olhinhos abertos que piscam sem necessidade, de tempos em tempos, motivados por algum ponto inconsciente existente naquela pequena cabecinha de criança.

Rafael Marchesin
Enviado por Rafael Marchesin em 10/10/2013
Código do texto: T4519524
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