Liselotte e Tediato (Cap. II)

Quem dentre vós, meu leitor, minha leitora, nunca há sonhado com as paradisíacas praias da Boêmia, tão pitorescamente retratadas por Shakespeare? Quem dentre vós, num fugidio momento de escapismo, nunca se imaginou sobrevoando os nevoentos picos do Krkonoše, onde o volúvel Rübezahl toca sua harpa, mandando tempestades e nevascas quando está contente, e desencadeando avalanches com suas passadas quando algo o consterna? Quem dentre vós nunca cobiçou os sete opulentos castelos de Karel Albrecht, cada qual parecendo ter saído de um conto de fadas diferente e imbatíveis em sua magnificência até os dias de hoje?

Quantas vezes eu próprio já não me imaginei, “sub tegmine fagi” como tão graciosamente exprimiu o egrégio vate latino, sendo acalentado pelas dríades da floresta de Šumava, com a fresca brisa primaveril a me acaricias as faces, cantando com seus sussurros as glórias do reinado de Vesna!

Não consigo conceber nenhum outro lugar mais belo onde ambientar minha história – sem mais delongas, a ela sigamos, portanto. Minha imaginação às vezes assemelha-se a um barco ébrio vagando a esmo e sem pressa de chegar a qualquer destino, viajando pelo mero prazer de viajar; assim sendo, não posso conter minha pena que, completamente encantada, quer enveredar pelo mesmo percurso que minha mente vai delineando.

[Continua no Cap. III]

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 02/12/2010
Reeditado em 19/10/2022
Código do texto: T2650022
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