Porque é tão triste ser sozinho no Natal
Natal
do Lat. natale
adj. 2 gén.,
respeitante a nascimento;
natalício;
pátrio;
s. m.,
dia ou época em que se comemora o nascimento de Jesus Cristo (grafado com inicial maiúscula);
dia do nascimento
Definições, definições. Pode-se definir tudo, mas a cada leitura temos uma nova definição, que fica alojada no fundo do cérebro ou do coração.
Natal (ah, invenção capitalista! ah, feriado cristão hipócrita!) é uma época em que, querendo ou não, os sorrisos saem de suas tocas, de seus enevoados esconderijos cobertos de preocupações cotidianas, e aparecem no rosto das pessoas. Pode ser por pouco tempo, pode ser por outro motivo, mas todos sorriem no Natal - caminhando na rua, ao trombar com um papai-noel extremamente magro; vendo uma iluminação especialmente bonita ou engraçada, etc.
É tradição que, no Natal, as famílias se reúnam e, juntos, façam um banquete celebrando o nascimento de Jesus Cristo (o salvador! o messias!); algumas pessoas, talvez por não serem cristãs ou por não ligarem para isso, saem beber com os amigos, trocam presentes apenas pelo valor monetário do mesmo e fazem algazarras felizes pelas ruas. Mas todos fazem alguma coisa.
Todos não. Existem aquelas pessoas que não têm ninguém.
Estas pessoas completamente solitárias por algum motivo (ou motivo algum) passam o mês todo dentro de um clima de união e confraternização, mas não têm com quem se unir. São simplesmente esquecidos por tudo - publicidade, fabricantes de cartões, alimentos. Vivem a época de natal como outsiders. Mas, é claro, não é esta a explicação que o título deste texto repleto de incorreções requer.
Quem é sozinho durante todo o ano cria dentro de si um sentimento que não se pode explicar. Aprende-se a ter como companhia a própria e solitária presença (quando muito Deus, mas esta é outra conversa). Aprende-se a receber cartões apenas das revistas que se assina e bancos nos quais se tem conta. Qualquer outra manifestação isolada de carinho é vista como demonstração de pena - e não há ser humano sobre esta terra que queira estar em uma situação digna de pena.
Ir dormir às dez da noite na véspera de natal, para não sentir o cheiro da ceia do vizinho (que nunca lhe dirigiu a palavra), acordar no dia seguinte às oito e ir pescar, sozinho, para relaxar. Onde quer que dirija irá encontrar papais-noéis mal desenhados e votos de felicidades. Mas é apenas mais um dia. Porém, pior seria ter recebido uma visita inesperada de um parente distante que quis fazer uma boa ação visitando alguém que 'não tem ninguém' e que tem que ir embora às oito, para 'não atrasar as coisas da ceia'.
Ser sozinho no Natal é triste porque é a única hora em que se é lembrado - com pena.