Queridos amigos,



O dia 25 de Dezembro é só uma data para lembrar ao Mundo que  Jesus nasceu e mora dentro de nós como um Menino Artista que nos dá  inspiração e sopro de Vida.
Tomei emprestados os versos de Alberto Caeiro* para falar do Menino  Deus que vive em mim e que renasce em cada dia que vivo. 


Meus votos de FELIZ NATAL são de que esse Menino viva eternamente no coração de cada um de vocês, queridos amigos.
Que Ele seja LUZ, REFERÊNCIA, COMPANHIA, INSPIRAÇÃO e GUIA; que nos fortaleça na partilha com nossos semelhantes, no respeito e na generosidade.


Obrigada pelo carinho com que  sempre me acolhem em suas caixas de mensagens, lêem meus textos, trazem-me companhia e amizade. 
Peço-lhes  desculpas pelos momentos em que não pude retribuir da mesma  forma.

               Beijos e carinho,

                                                                   Kathleen Lessa

                                                             
 
  
"Vi Jesus Cristo descer à terra.
     Veio pela encosta de um monte
     Tornado outra vez menino,
     A correr e a rolar-se pela erva
     E a arrancar flores para as deitar fora
     E a rir de modo a ouvir-se de longe.

     Tinha fugido do céu.
     (...)
     No céu tinha que estar sempre sério
     E de vez em quando de se tornar outra vez homem
     E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
     Com uma coroa toda à roda de espinhos
     E os pés espetados por um prego com cabeça,
     E até com um trapo à roda da cintura.
      (...)
     Um dia em que Deus estava a dormir
     E o Espírito Santo andava a voar,
     Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
     Com o primeiro fez com que ninguém soubesse
     que ele tinha fugido.
     Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
     Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
     E deixou-o pregado na cruz que há no céu
     E serve de modelo às outras.
     Depois fugiu para o sol
     E desceu pelo primeiro raio que apanhou.

     Hoje vive na minha aldeia comigo.
     É uma criança bonita de riso e natural.  
     Limpa o nariz ao braço direito, 
     Chapinha nas poças de água,
     Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.  
     Atira pedras aos burros,
     Rouba a fruta dos pomares
     E foge a chorar e a gritar dos cães.
    (...)
     A mim ensinou-me tudo.
     Ensinou-me a olhar para as cousas.
     Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
     Mostra-me como as pedras são engraçadas 
     Quando a gente as tem na mão
     E olha devagar para elas.
     (...)
     Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
     Ele é a Eterna Criança, o Deus que me faltava.
     Ele é o humano que é natural,
     Ele é o divino que sorri e que brinca.
     E por isso é que eu sei com toda a certeza
     Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
     (...)
     A Criança Eterna acompanha-me sempre.
     A direção do meu olhar é o seu dedo apontando.
     O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
     São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

     Damo-nos tão bem um com o outro
     Na companhia de tudo
     Que nunca pensamos um no outro,
     Mas vivemos juntos e dois
     Com um acordo íntimo
     Como a mão direita e a esquerda.

     Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
     No degrau da porta de casa,
     Graves como convém a um deus e a um poeta,
     E como se cada pedra
     Fosse todo um universo
     E fosse por isso um grande perigo para ela
     Deixá-la cair no chão.

     Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
     E ele sorri, porque tudo é incrível.
    (...)
     Ele dorme dentro da minha alma
     E às vezes acorda de noite
     E brinca com os meus sonhos.
     (...)
     Esta é a história do meu Menino Jesus.
     Por que razão que se perceba
     Não há de ser ela mais verdadeira
     Que tudo quanto os filósofos pensam
     E tudo quanto as religiões ensinam?  "


 [“O Guardador de Rebanhos”, canto VIII, de Alberto Caeiro/Fernando Pessoa]



 imagem:  Oriza Martins

KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 23/12/2007
Reeditado em 21/12/2011
Código do texto: T789603
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