NATAIS EM POÇOS DE CALDAS

 

Passamos muitos Natais em Poços de Caldas. Durante anos ficamos em casa e na noite de Natal minha família se reunia na casa de mamãe. Cada um dos filhos e noras levava um prato, o que era combinado com antecedência para que a ceia fosse organizada e os pratos se harmonizassem. Era um encontro animado, todos éramos mais jovens e passávamos o dia 24 preparando os comes e bebes. Mamãe não precisava fazer nada, a não ser arrumar sua grande mesa da sala de jantar. Após a ceia íamos todas as noras e eu, que sou a única filha, para a cozinha lavar os pratos. As sobras ficavam na geladeira para o almoço do dia 25, quando nos reuníamos novamente. Como sobrava comida!

 

Com o passar dos anos fui cansando de ficar o dia anterior ao Natal em frente ao fogão e à pia. Sabemos como demora para assar um pernil, um chester, um tender e, além disso tinha-se que fazer algum complemento, uma salada ou sobremesa. E a louça suja resultante de toda essa atividade, não era pouca. Foi por esse motivo que meu falecido marido, vendo a trabalheira que a preparação da ceia trazia, me disse:

 

- Agora chega disso! Vamos fugir para um lugar onde tenhamos a ceia pronta e possamos descansar. Outra coisa de que também não gostávamos era a ceia muito tarde e depois o tal de “amigo secreto”, que achávamos uma chatice, pois havia presentes para muitas pessoas, incluindo as crianças pequenas que já dormiam pelos cantos. Íamos nos deitar na madrugada.

 

Fomos uma primeira vez a Poços de Caldas e gostamos muito. Ficamos hospedados em um bom hotel, em frente ao parque no centro da cidade. Bastava atravessar a rua para acessarmos bancos à sombra das árvores, vendo os pássaros e as flores e desfrutando do ameno clima da cidade. O hotel oferecia pensão completa, com café da manhã, almoço e jantar. Nas noites de 24 e 31 de dezembro, uma caprichada ceia. No terraço do prédio havia um bar onde serviam petiscos e bebidas para o happy hour. Além disso, uma grande varanda, em frente ao hotel e com vista para a rua nos permitia ficarmos acomodados em cadeiras de vime com almofadas, jogando conversa fora nos finais de tarde, vendo as charretes e ouvindo o trotar dos cavalos, levando turistas pra lá e pra cá.

 

O buffet de sobremesas do hotel era uma beleza de se olhar e provar os queijos e doces de Minas, um exercício dos mais agradáveis. Claro, também comprávamos essas delícias no comércio local e as trazíamos para casa.

 

Há muitos passeios que se pode fazer em Poços de Caldas e nas redondezas para preencher os dias de folga.

 

Não achávamos difícil nos deslocarmos de Curitiba e o fazíamos em voo da Azul para Campinas e, de lá para Poços de Caldas, em carro alugado.

 

Esse foi um roteiro que repetimos muitas vezes, até meu companheiro falecer em 2013. Foram momentos muito agradáveis, de descanso e lazer, que deixaram saudade e que recomendo a quem queira experimentar.

 

Mamãe faleceu em 2014 e depois, os filhos se dispersaram, os netos cresceram e os Natais estão muito mudados. Mais íntimos, com menos pessoas. As ceias foram simplificadas e servidas mais cedo para não nos darem tanto trabalho, afinal já estamos na terceira idade.

 

Assim é a vida, que está em constante mudança e renovação...

 

 

 

Aloysia
Enviado por Aloysia em 11/12/2022
Reeditado em 11/12/2022
Código do texto: T7669762
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