O mal diário
- Tô de saco cheio desse curso, bicho. Um monte de almofadinha escroto se achando a pica que matou Cazuza só por ter lido Jung. Até um sapo lê Jung. Além disso, tô ficando sem tempo. O trampo tá foda. Acho que vou largar essa faculdade, mais uma vez.
- Cara, não que uma faculdade vá te salvar, mas estamos cercados de gente escrota. Isso não é motivo pra nada. Não faz isso não. A melhor coisa que tu faz é se formar nessa porra desse teu curso de psicologia aí, bicho. Tu vai me tratar.
Vai ter que me tratar, porque eu tô fodido.
Minha cabeça tá estraçalhada..
Eles estão vencendo, me engolindo.
Eu vivo ferrado, vivo a ponto de matar alguém pela rua.
Suas calças, seus gestos,
suas conversas,
os formatos das suas orelhas,
seus olhares derrotados,
por Deus...
Não dá pra aguentar.
É demais para mim.
A única coisa que consegue chamar minha atenção
e me preencher com um pouco de vida
no meio de tanta loucura, raiva, morte e indiferença
é uma música boa
ou um rabo gostoso passando na calçada.
Mas nem sempre minha playlist ajuda,
e nem sempre um bom rabo está
passando pela calçada, né?!