Desabafo de Natal

Não gosto de mensagens de Natal.
Aquelas que surgem cintilando no Facebook ou WhatsApp.
Geralmente vêm de algum amigo, conhecido
ou parente distante, fora do alcance.

Possivelmente nos querem manter distantes mesmo.
Toleram-nos por alguma remota lembrança,
de uma efêmera convivência.

 

Não gosto de mensagens de Natal.
Não as enviem para mim.
Ficarei irritado, não feliz.
Quando as recebo interpreto assim:
"Ok, fique por aí mesmo, não se aproxime mais que isto:
Feliz Natal!"

Amigos não enviam mensagens de Natal.
Desejam Feliz Natal com um abraço ou,
se distantes, ligam por telefone,
ou enviam mensagens da própria voz
mesmo que seja por algum aplicativo.

O silêncio no Natal também é uma expressão,
se a amizade disto não depende.

Neste Natal joguei o celular, quase morto,
em baixo da almofada do sofá da sala.
Por lá ficou toda a noite.
Quando o resgatei pela manhã quase almoço,
havia diversas mensagens.
Filho querendo me ver,
Aplicativo abarrotado de bilhetes
Entulhados tela a fora.
Avisos de aplicativos disputando prioridade...

Olhei com desdém para o celular.
Ensaiei desbloquear a senha com o polegar.
Liguei logo para os filhos e resolvi o Natal.
As mensagens? Não as li, e não as lerei.
Sei do que tratam!

Feliz Natal!
Não responda, por favor!