NATAL. Confidências!
Sentado,á sombra de uma velha árvore que ninguém sabia a idade, foi deixando, de memória em palavras simples mas sentidas, pedaços
uma vida passada, mais precisamente outros dias iguais a este que
se vão repetindo todos os anos, e nos fazem sempre voltar ao passado de crianças que fomos.
Em confidência dizia, mais parecendo uma confissão:
Lembrava-se daquele ano de 1956, o último ano em que o Natal havia
sido a ultima festa da família.
A mãe dizia, nunca mais a haveria de ver. O Natal do ano seguinte, e mais os que se seguiram até ao ano de 1977, foram dias iguais aos outros.
Dizia, ria-se em casa de amigos, em festas, o NATAL foi isso mesmo. Dizia: Alegria não a tinha. Recordava o tempo passado. Fingia ser feliz para não ser descortêz com os outros. A solidão não se vê. Apenas a vê quem a sente.
Dizia sempre, em permanente monólogo com ele próprio, o ano de 1977, fez reviver o tempo passado.
Voltou a brilhar nos seus olhos aquela felicidade que jamais sonhava havia de sentir e viver novamente.
Tinha família, voltavam a sorrir os dias de Natal de outro tempo, sem nunca esquecer o que bem e mal tinha passado.
Foi feliz, dizia falando consigo mesmo.
Foram anos de perfeita felicidade, vivida dia após dia. Voltou a brilhar em seus olhos o porvir de dias maravilhosos em constante felicidade.
Voltou a ter uma família.
2012. Foi o último ano passado em perfeita harmonia familiar. 15 de Novembro de 2013.O acordar, de um sonho lindo vivido.
O renascimento do pesadelo, sem saber de onde vinha e para onde ir. A estrada perdida, sem rumo, sem alegria e sem futuro . Apenas a lembrança do tempo feliz vivido, e a certeza da angústia começada a viver nesse dia. Os dias passaram a ser mais sombrios, esperança, apenas aguardando, nem ele sabia o quê; dizia simplesmente.Ando por aqui, sem saber se existo, sei apenas que vivo, porque vivo estou, mas sei que isto não é viver.Simplesmente, amargurado deixando os dias passarem um após outro!
E assim continua até hoje, recordando um passado lindo, outro passado triste, seguido de um então presente de felicidade, e repentinamente transformado em triste realidade. Sombra, silêncio e saudade.