Sobrevivemos

Já não estava muito animada para as festas de final de ano, cada um dos irmãos fez sua programação individual, particular, isolada e solitária, eu claro mandei minha filha passar as festas com o pai e a família dele, ela não precisava passar por isso... e então dia 23 de dezembro recebo a notícia de que nossa mãe viria passar o Natal conosco e que chegaria na manhã seguinte, fiquei surpresa mas não feliz, parece que adivinhava.

Tomei então conhecimento da notícia completa, ela tinha se torturado com uma agulha de injeção, causando cortes nos pulsos e na dobras dos braços (articulações do cotovelo).

Fomos buscá-la na rodoviária, a vê-la, senti revolta, mas controlei e consegui abraçá-la. Não quis ver os cortes, ela se ofendeu por isso. O clima era pesado e tenso. Não sabíamos como agir, o que fazer, o que dizer. A revolta continuava ali a espreita, resolvemos então que seria um Natal normal, como se nada tivesse acontecido, ninguém combinou isso mas foi assim que agimos.

Preparamos a ceia, fomos a missa e na volta sentamos à mesa todos juntos (exceto o irmão mais velho), parecia uma cena de teatro, cada um representando o seu papel, mas ninguém querendo estar ali. Enfim sobrevivemos.

Quarenta e Quatro
Enviado por Quarenta e Quatro em 14/01/2013
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