COMEMORARIA O NATAL EM OUTRA DATA NÃO-PAGÃ?
Por que muitas pessoas interessadas em preservar a pureza do Cristianismo não celebram o nascimento de Jesus? O motivo principal não é porque ele não nasceu no dia 25 de dezembro nem porque tal dia já era dedicado a outros deuses. Como se sabe, esta data foi estrategicamente escolhida com a intenção de cristianizar costumes pagãos e tornar o culto cristão mais aceitável e atraente a pessoas de outras religiões. A história demonstra que muitas práticas estranhas ao Judaísmo se amalgamaram ao chamado Cristianismo, consolidando sua romanização e universalidade. Esta “globalização” ainda está em andamento na medida em que continuam vivos propósitos “ecumênicos” no cadinho do catolicismo ou universalismo religioso.
Suponhamos que fosse conhecido o verdadeiro dia do nascimento de Jesus ou que uma nova data escolhida para a celebração não estivesse relacionada a nenhum culto a outras deidades – que o Apóstolo Paulo chama de “demônios” (1 Coríntios 10:20). Suponhamos também, que as religiões chamadas cristãs passassem a coibir as influências religiosas pagãs (papai Noel, troca de presentes, árvores enfeitadas, banquetes, orgias etc), despindo a festa do Natal de toda a roupagem pagã ou miscigenada e revestindo-a com indumentária cristã, desde a lingerie até o véu. Suponhamos ainda que a figura do aniversariante, Jesus, voltasse a ser a mais proeminente, o centro da comemoração. Seria, nesse caso, celebrada por cristãos mais escrupulosos?
Eles responderiam "não", alegando que o cerne não é a roupa nem a epiderme da festa do Natal, mas sua essência: o aniversário é natalício. Não condenariam o homem comum, não comprometido com uma observância mais estrita do que consideram ser a palavra de Deus. Muitos participam desses costumes populares de um modo inocente e desinformado, como mera demonstração de afeto a pessoas queridas, sem comprometer sua consciência treinada nos valores da sociedade laica. Esses são motivados pela tradição, folclore etc, com incentivos especialmente do comércio e, de modo subliminar, da própria religião.
Outros, porém, consideram essencial preservar a pureza do cristianismo primitivo, e evitam que influências religiosas estranhas se infiltrem em sua vida diária. Esses não consideram nocivas todas as influências de outras culturas e até assimilaram algumas práticas por considerá-las inofensivas e até salutares, como é o caso do uso de alianças por pessoas casadas. No entanto, foram ao encalço dos motivos dos judeus dos dias de Jesus não celebrarem datas de nascimento, as quais não eram sequer citadas nas escrituras, nem de suas personagens mais proeminentes, o que sugere uma resistência da comunidade judaica à assimilação desse costume comum aos povos que os rodeavam. Observaram também os testemunhos de obras respeitáveis sobre o assunto, entre os quais citamos os exemplos abaixo:
“Os hebreus posteriores consideravam a celebração de aniversários natalícios como parte da adoração idólatra, conceito que era abundantemente confirmado pelo que viam nas observações comuns associadas com tais dias.” - The Imperial Bible-Dictionary (Londres, 1874), editado por Patrick Fairbairn, Vol. I, p. 225:
“A noção de uma festa de aniversário natalício era alheia às ideias dos cristãos deste período, em geral.” - A História da Religião Cristã e da Igreja nos Três Primeiros Séculos (Nova Iorque, 1848), Augusto Neander, (traduzido por Henry John Rose), página 190).
“No ano 134, o teólogo Orígenes repudiava a ideia de se festejar o nascimento de Cristo ‘como se fosse ele um faraó.’” – (São Paulo, 1968), Vol. 6, p. 437.
“Até o quarto século, o cristianismo rejeitava a celebração de aniversário natalício como costume pagão.” - Schwäbische Zeitung (suplemento Zeit und Welt), de 3 a 4 de abril de 1981, p. 4.
Por outro lado, as escrituras só se referem a duas festas de aniversário natalício e sob uma luz desfavorável: a de Faraó do Egito, nos dias de José, que mandou enforcar o padeiro (Gênesis 40:20-22) e a do Rei Herodes, nos dias de Jesus, que autorizou a decapitação de João Batista (Mateus 14:6-10).
Por que as nações que rodeavam os judeus tinham o costume de homenagear pessoas na data de seu nascimento? Qual a lógica por trás dos parabéns a uma pessoa que nasce, antes de qualquer registro de mérito para justificar as homenagens? Que significado tinham as velas acesas nos bolos de aniversário? Teria sido o costume de se celebrar aniversários de nascimento adotado entre os cristãos por causa da influência de alguns astrólogos do Oriente (mais conhecidos como "Os Três Santos Reis Magos") que levaram presentes para o Jesus menino? Por que a celebração de aniversários se tornou tão popular em todo o mundo? O O interessante complemento dessa informação será considerado na parte 2.