Aquele Natal

Naquele lugar, naquela noite, não havia uma mesa farta; nada de panetone, peru, vinho, nozes... As estrelas do céu eram o único “adorno”; nada de árvore enfeitada, guirlanda, sininho dourado. Ninguém ali, ansiava por um carro zero, uma tela de plasma ou LCD, um MP4, um computador top de linha, celular de última geração, roupa de grife... Aquela família, não foi ao shopping, não trocou presentes (nem mesmo um cartãozinho, desses que custam centavos), não participou de nenhum “amigo secreto”, não deu nem recebeu uma “cesta de natal”. Naquela noite, não aconteceu a “missa do galo”, nem outra qualquer celebração natalina. Mesmo assim, aquele casal e seu filho, protagonizaram o maior natal de todos os tempos, o natal que dividiu a História.

É sempre oportuna a reflexão acerca daquele primeiro natal, do sentido da sua comemoração: Hoje nos angustiamos, quando nosso salário é menor que nossos desejos de consumo, entristecemos ante a impossibilidade de um fausto banquete natalino, vivemos a frustração de não conseguir atender a todas as necessidades desnecessárias, criadas pelo marketing. Vivemos a ilusão de poder “comprar” um feliz natal, um natal cada vez mais perto do “papai Noel” e mais distante do “Menino Jesus”, um natal, onde o “mantra” do consumo embota o discurso da fraternidade e do amor ao próximo, acentuando o contraste entre ricos e pobres.

Um feliz natal, não deve estar condicionado ao que podemos ter, a felicidade é um estado de espírito, é um atributo da alma, não está atrelado ao bolso nem à conta bancária. Alegria de artifício está à venda em todo lugar, mas felicidade de verdade não tem preço, é uma construção interior. Portanto, um natal feliz, não está necessariamente em ter coisas, mas em apesar de não tê-las, não abdicar do sorrir, pois, se temos ciência do que queremos, Deus tem a consciência do que precisamos, se Noel é um mito, o Cristo Jesus é uma certeza, no coração da cristandade.