Assim não é Natal
Assim não é Natal
É Natal, sento-me á mesa da consoada
E ao ver a variedade e fartura de alimento
Percorro parte do Mundo em pensamento
Lembrando quem na mesa não terá nada.
Lembro também a guerra que mata e degrada
Tornando a vida de muitos num tormento
E sem alegria no coração este momento
Sinto a festa de significado esvaziada.
Mas como, talvez em excesso, sem precisar,
Iguarias e sobremesas de fino paladar,
Ainda que o apetite esteja esgotado.
E ao ver as sobras por vezes a estragar,
Enquanto milhões passam a noite a mendigar,
Eu sinto-me como homem envergonhado.