Assim não é Natal

Assim não é Natal

É Natal, sento-me á mesa da consoada

E ao ver a variedade e fartura de alimento

Percorro parte do Mundo em pensamento

Lembrando quem na mesa não terá nada.

Lembro também a guerra que mata e degrada

Tornando a vida de muitos num tormento

E sem alegria no coração este momento

Sinto a festa de significado esvaziada.

Mas como, talvez em excesso, sem precisar,

Iguarias e sobremesas de fino paladar,

Ainda que o apetite esteja esgotado.

E ao ver as sobras por vezes a estragar,

Enquanto milhões passam a noite a mendigar,

Eu sinto-me como homem envergonhado.

Alberto Carvalheiras
Enviado por Alberto Carvalheiras em 08/12/2006
Código do texto: T312934