FELIZ NATAL !

Mais um Natal, mais um ano que passa. Como tudo passa! Como tudo voa!

Parecia, quando era criança, que o Natal nunca mais chegava, mas com o andar do tempo e a vizinhança da velhice, os anos dão passos ligeiros, e avivam-se saudosas recordações, mormente da infância.

Em minha casa, como na maioria das famílias tradicionais portuenses, vinham para a ceia, tios, primos, irmãos…enfim toda a família.

As melhores alfaias saíam dos armários, e a melhor toalha era lançada na mesa. Entre as oito e as nove, chegavam, em agigantadas travessas de faiança, grossas postas de bacalhau, batata e muita penca da Vilariça. Não havia sopa, mas havia: arroz-doce, bolinhos de bolina, rabanadas, orelhas-de-abade, rochedos (doce de amêndoa, trasmontano), a aletria, creme queimado, bolo-rei, formigos e muita fruta cristalizada, figos, nozes, pinhões, uvas passas, e bom vinho maduro, servido em canecas que já conheceram outros natais. Natais de antepassados, que confraternizaram em noites abençoadas, que foram, mas já não são.

Sentavam-se à mesa, também, os mortos: avós e bisavós, e até amigos, que já lá estão, mas que revivem dentro de nós.

Querem muitos chamar a esta noite: festa da família; mas, para mim, só há razão de existir, se houver a presença do Menino-Jesus, o nascimento do Verbo Divino.

Mas teria Jesus nascido em Dezembro?

Claro que não. Basta ler o Evangelho de Lucas, versículo: 2,8, para constatar que Jesus nasceu, provavelmente, no fim da Primavera, pois o evangelista afirma: que os pastores estavam no campo, guardando, durante a noite, os rebanhos.

Se comemoramos a 25 de Dezembro, é porque, não conhecendo dia certo, os cristãos do século IV, escolheram essa data, porque ficava nove meses após a festa da Anunciação do Anjo, que era a 23 de Março; e não caiu a 23, porque sendo a 25, servia para substituir as comemorações do Sol, rijamente festejadas, a: Natalis Invicti Solis.

Até ao século IV não se comemorava o nascimento de Jesus. Só após esse século é que os cristãos se reuniram no templo, para orar.

E se o Natal é a festa de aniversário de Jesus, não há razão para haver Pai Natal (invenção publicitária da Coca-Cola, baseado em S. Nicolau,) e muito menos Mãe-Natal, sumariamente vestida, a rondar pornografia.

Infelizmente, o Natal, graças à publicidade e maléfica influência de formadores de opinião, que vêm fazendo lavagem cerebral à nossa juventude, transformou-se em festa quase profana, onde há de tudo, menos lembrança do nascimento de Jesus.

Para finalizar, resta-me desejar a todos, uma santa noite de Natal, repleta de bênções divinas.

Feliz Natal!

Humberto Pinho da Silva
Enviado por Humberto Pinho da Silva em 17/12/2010
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