E vem vindo mais um natal
Sempre gostei muito da época natalina, uma alegria vinda, não sei de onde invadia meu coração e me contagiava, o sorrir era fácil.
Tive uma infância sem muitos presentes, mas eu não me importava, meus olhos brilhavam mesmo ao verem aquelas lâmpadas natalinas piscando desordenadamente, como eu queria te-las em minha casa! Mas comprar enfeites de natal seria luxo de mais para uma família na qual a prioridade era nos manter alimentados.
Mas a gente não se intimidade e nem ficávamos cabisbaixos, afinal era época de festejar, eu e meus irmãos íamos longe e pegávamos um galho de uma planta chamada casuarina, algodão colhido do pé e sucatas pelo quintal se tornava enfeites daquela árvore de natal que no canto de nossa sala anunciava a chegada de nosso natal.
Os anos foram se passando, cada qual tomando seu rumo, me lembra das primeiras lâmpadas de natal que comprei, eu já adolescente, estava muito feliz, decorei a frente de minha casa e meu coração fervia pelo espírito natalino que me tomava mais uma vez.
Ano passado perdi minha mãe exatamente dois meses antes do natal chegar e pela primeira vez em minha vida a alegria não me contagiou, eu e meus irmãos nos reunimos exatamente como sempre fizemos agora a árvore que enfeitava o canto da sala era totalmente ornamentada com enfeites comprados prontos, eu parei e fiquei a refletir, como queria unir aquele cenário a emoção de viver o natal de minha infância, faltava algo ali, a alegria não nos envolveu, tínhamos tudo que sempre sonhamos materialmente falando, mas nossos espíritos ainda lamentavam a presença de nossa amada e querida mãe.
E mais um natal se aproxima, porém não sei se aquela alegria me envolverá novamente, penso que isso não aconteça só comigo, vivemos numa sociedade que mais se parece uma selva, temos que matar um bicho por dia num instinto de sobrevivência, daí esses valores de festejar o natal; como lâmpadas natalinas vão se ofuscando até se apagarem de vez.