Um gesto de amor dentro de uma bacia de sangue
Do vazio mais profundo eu nasci junto dos meus irmãos, sem dor e sem parto. Minha mãe é a incriada, aquela que ninguém jamais descobrirá o nome e que sua existência é deitada em posição fetal dentro da grande bacia de sangue. O iniciado, curva-se diante da tocha sagrada sobre os chifres do ídolo com as mãos em devoção. Entre os teus seios fartos, se encontra o caduceu de Hermes — ladrão por excelência. Os recém-nascidos dormem sobre tuas patas maternal em um sono profundo com forte cheiro de incenso pairando sobre o ar, pois sabem que estão sob a tutela da primeira que veio antes de tudo, da impronunciável. Não há como descobrir o nome da Grande, pois o ato de compreender a manifestação da Grande, é profano; impuro, indesejável. Mais bebês estão sendo gerados dentro do grande útero sagrado. Passaram-se nove meses, a concha se abriu ensanguentada. posso vê-los; estão todos delicadamente adormecidos. Filhos da hermafrodita. Despertados com o banquete de sangue sobre suas cabeças; amamentados imediatamente. Ouço o choro desesperado dos recém-nascidos, gemendo as dores do mundo. A Grande emerge da sua bacia de sangue e com um braço só, acolhe todos os seus filhinhos em gesto de amor maternal.