O sonho de Zé Baque
Ser sacristão! Quanta felicidade estar ali em torno do altar, cuidando da igreja, das coisas do padre, respeitado pelos fiéis...Mas não deu, Zé Baque era analfabeto e se contentava em amargar seus dias e noites num quartinho nos fundos de um animado comércio, a que prestava serviços subalternos vários, de ensacador a carregador...
E a vida ia seguindo, seguindo, até que um dia, Zé Baque começou a se mexer: coletou latinhas, papel, refugos, metais, até que chegou a ousar montar um depósito e a coisa cresceu de tal forma que ele acabou comprando todo o animado comércio em cujos fundos vivera por bom tempo...
Seu antigo patrão, vendo a garra e determinação de Zé Baque, fez-lhe observação judiciosa...
- Mas Zé Baque, analfabeto até nas cuecas como você foi e ainda é, eu imagino o que seria se conhecesse as maravilhas da leitura e da escrita...
- Eu sei bem, meu patrão, ir acabar sendo sacristão...