A cauda da aeronave toca a superfície das águas. Fernão traçou uma cruz em sua boca, como se dissesse: Fecha-te. Há muito mais na vida do que comer, beber e acumular divisas, brasões e estrelas nos ombros; há muito mais do que ser um líder, um formador de opiniões. Há mais beleza na imagem projetada pela sombra de duas asas descendo na pista do que todo encanto das sete maravilhas do mundo.
Feliz aterragem, Fernão!
A voz de Bach, encheu de coragem a alma de Fernão Capelo. Ele sabia que a uma velocidade superior a mil quilômetros por hora, o impacto com a água, seria fatal. Sacou a porta de emergência e tentou ficar em pé sobre a asa do avião. Desceria com calma, deixaria o corpo escorregar na horizontal e depois, se a sorte conspirasse em seu favor, qualquer ilha que alcançasse, seria sua nova morada. Sem o brevê, sem incorporar-se à Esquadrilha da Fumaça, não poderia fazer um loopdiante do olhar atônito de Vannini, senão naquela hora. Deu ordens à sua mente: Fernão, você é uma folha. Estendeu os braços como se quisesse abraçar o mundo, abraçar tudo que antes desprezava. Todo seu ser pareceu leve. Deixou o corpo cair, e rolar tocado pelo vento. Flutuava, sem nenhum controle ou direção por ele definida. Não sabe dizer quanto tempo durou a ‘viagem’. Nem mesmo sabia se estava vivo, ou morto, se sonhava ou estava acordado. A água quebrava suas carnes, ardendo como choque contra uma parede rochosa.
***
Adalberto Lima, últimos capítulos de Estrela que o vento soprou.
Feliz aterragem, Fernão!
A voz de Bach, encheu de coragem a alma de Fernão Capelo. Ele sabia que a uma velocidade superior a mil quilômetros por hora, o impacto com a água, seria fatal. Sacou a porta de emergência e tentou ficar em pé sobre a asa do avião. Desceria com calma, deixaria o corpo escorregar na horizontal e depois, se a sorte conspirasse em seu favor, qualquer ilha que alcançasse, seria sua nova morada. Sem o brevê, sem incorporar-se à Esquadrilha da Fumaça, não poderia fazer um loopdiante do olhar atônito de Vannini, senão naquela hora. Deu ordens à sua mente: Fernão, você é uma folha. Estendeu os braços como se quisesse abraçar o mundo, abraçar tudo que antes desprezava. Todo seu ser pareceu leve. Deixou o corpo cair, e rolar tocado pelo vento. Flutuava, sem nenhum controle ou direção por ele definida. Não sabe dizer quanto tempo durou a ‘viagem’. Nem mesmo sabia se estava vivo, ou morto, se sonhava ou estava acordado. A água quebrava suas carnes, ardendo como choque contra uma parede rochosa.
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Adalberto Lima, últimos capítulos de Estrela que o vento soprou.
Adalberto Lima
Enviado por Adalberto Lima em 08/03/2018
Código do texto: T6274012
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