Respirou fundo. Ravenala nunca fazia uma brincadeira que não escondesse uma ponta de verdade. Se ele compartilhasse seus temores, poderia desalojar os pensamentos que lhe chegam durante a noite, torturando-o, triturando-o, esfacelando seu sono com a exibição  de cenas fantasiosas, com ela. Cenas tão nítidas que se prolongavam nos primeiros minutos de vigília. Preferiu ficar com a imagem de peixes saltando nas espumas borbulhantes na época de piracema.
— Até amanhã — disse ele.
A mesa estava posta e só depois que Robert saiu,  ela descobriu que não servira o lanche.

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Adalberto Lima - Estrada sem fim...