O xixixi da chuva fina quebrava suavemente o silêncio da madrugada. 
Gotas miúdas caiam, escorriam para o rio que corre para o mar além das Minas Gerais.
Naquele tempo chovia, o sol se escondia semanas a fio, quase mês, e o rio transbordava.
Os meninos se banhavam nas águas barrentas com as vergonhas de fora.
Não tinham maldade.
A infância era tão ingênua e bela como as flores que as meninas colhiam para enfeitar o presépio do Menino-Santo.
Era estação das águas.
Vinha a chuva abençoar o pasto, trazendo berro de bezerro novo.
A  jitirana espalhava suas flores deixando a mata em tom azulado.
A lagoa enchia e depois vazava para o rio e o rio deixava peixe na lagoa.
O trovão trovejava e trazia a coalhada escorrida, escorrendo numa bola de pano pendurada no travessão da casa.