Bruna Avessa à Lua

 

 

Me perco devagar

na bruma da noite

que se aproxima.

 

São as incógnitas

da vida que deixei

de viver.

 

Me perco em seu corpo

que viaja longe,

sem destino, abusando

das graças do passado,

evitando o presente,

refazendo imagens

do futuro,

onde minha fuga

é de fogo e dor.

 

Viajo devagar,

pois meu corpo

nunca teve dono.

 

Se teve,

está perdido na corrida

do tempo,

entre as estrias de um suspiro

e de um beijo.

 

Se falho em perguntar,

falho pela minha ansiedade,

pois se você é você,

cheia de graça e harmonia,

mulher de dois mundos,

e com o poder dos deuses,

para desazer e compor,

então, volta para

meu corpo

pois ele dorme lento

arremetado de paixões

e finuras de esperanças.

 

E que um dia bata na minha

porta

e diga:

meu senhor:

sou sua aventura,

seu agasalho,

sou sua estrela,

que amaina sua dor,

e um dia seremos um.

quando a

próxima eternidade

chegar.

É Bruna Lua, simplesmente assim  - amor.  

























O Caminho da Cruz

 

Mais de 1,7 milhão de brasileiros estão em alguma fila do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aguardando retorno sobre a aprovação de aposentadorias, auxílios, pensões, entre outros benefícios.

 

 

Segundo dados publicados no Portal da Transparência do INSS, 1.197.750 pessoas aguardam análise administrativa — quando toda a documentação já foi enviada ao INSS e está sendo analisada por um servidor — e outras 596.699 pessoas estão aguardando perícia médica.

 

 

Por que o INSS nega tudo?

 

 

O elevado número de negativas se deve principalmente a uma restruturação na forma de análise e por medidas (instruções, portarias, decretos ou medidas provisórias), vindas do Executivo (Governo) que dificultam e muito, a concessão dos benefícios, principalmente pelo fato econômico.

 

Infelizmente, com a iminente reforma da previdência, a tendência para se aposentar é piorar, e cada vez mais o número de benefícios negados subir.

Diante deste cenário, quais as possíveis soluções?

 

Uma primeira opção do segurado, diante de uma negativa do INSS, seria um recurso administrativo, dirigido ao próprio INSS. Contudo, infelizmente, na maioria das vezes, o recurso demora até anos, e a resposta continua sendo o NÃO.

(Informações de um advogado, que não quis se identificar)

*

 

Advogado Recebe Carta de Uma Aposentada

 

 

Para o Advogado Lucas Turbino
https://www.lucastubino.adv.br/

 

"Estou fazendo tratamento de cancer durante 5 anos, estou com psicologo e tb psiquiatra, tenho laudos, estou bem depressiva e tb muita ânsia, tomo vários remédios, tiróide diabete pressão alta, entrei com recurso mês de julho, pois foi me negado a continuação do pagto do meu auxílio doença , nao tenho renda, estou vivendo com ajuda de familiares, sou Mei e pago a mais de 6 anos, hj nao consigo mais pagar, pois não tenho nenhuma renda. Tenho 59 anos."

 

 

 

Mais pobres, mais prejudicados

 

Enquanto o INSS não resolve o problema, o atraso já tem reflexos no balanço anual da Previdência Social, especialmente nos benefícios para o público mais pobre.

 

Ao mesmo tempo em que o próprio governo diz que a tendência é que mais gente precise dos benefícios do INSS, caiu em 2018 a concessão de aposentadoria rural e do BPC.

 

Fabiane Ramos, Vitor Hugo e a filha, Ana Vitória, aguardam desde 2018 resposta do INSS sobre benefício assistencial de um salário mínimo.

 

Há seis meses, Fabiane Ribeiro Ramos, de 32 anos, espera resposta do INSS sobre o pedido de benefício assistencial para a filha de 4 anos, Ana Vitória, que tem autismo moderado.

 

"Esse tempo esperando tá sendo muito ruim", diz ela, que deixou o serviço de auxiliar de limpeza quando a filha nasceu. "Só meu marido que pode trabalhar. Eu preciso cuidar dela. Tem muito gasto e muita atenção."

 

O problema é que o marido também não consegue encontrar emprego e tem vivido com renda de "bicos" em Colombo, no Paraná.

 

"Quando consigo bico, eu faço: ajudante de pedreiro, técnico em informática, mas não dá pra contar", disse Vitor Hugo.

 

A família mora nos fundos do terreno do pai de Vitor Hugo, que tem ajudado com alimentação e até com a água da casa. mas nada de auxílio do INSS.

 

 UNHA QUEBRADA DÁ BENEFÍCIO AOS ABRIGADOS PELO GOVERNO

 

"Eu conheço gente que consegue ficar no auxílio doença porque perdeu uma unha. Aí a gente realmente precisa e não consegue resposta. Não entendo esse tipo de injustiça. Isso é maldade do governo" (Agência Press )

 

Dificuldade dos segurados em lidar com a tecnologia

 

O que acontece com frequência é que os segurados se deslocam até as agências com o intuito de resolver as pendências pessoalmente, mas os servidores os mandam de volta para casa para acessar o serviço pela internet. Isso porque o acompanhamento dos processos só é feito pelo 135 ou pelo portal Meu INSS.

Com a dificuldade de várias pessoas em lidar ou ter acesso à tecnologia, elas acabam por ficar sem os serviços que necessitam. Muitos deles não conseguem monitorar o andamento das solicitações, perdem prazos para apresentar eventuais documentos, precisam da ajuda de terceiros e, ainda, podem ser vítimas de pessoas mal intencionadas.( Escobar Advogados)

 

E, em seu caminho, de repente, as portas estão fechadas.

 

 




















 

 

 

Perdidas Areias Mornas

 

 

 

 

O rumo é atrevido

e parado,

a paz é suspeita,

a dor agrura,

de todos os lados.

 

Meias-paredes,

fazem aparentes cortinas,

zanzanadas pelo tempo.

 

Longo tempo de balbuciar

ao vento!

 

Eu,agora cá,

amorfo entre os lencóis

sancristos,

penso o que é a

vida

senão açoite !

 

Os milagres

estão

em descréticos.

 

Pelas longas

horas de saber

a vida me ensinou,

lenta e vagorosa

que os homens

não são

iguais

mas extremamente

desiguais.

 

surgem entre

o desejo

de ser rei

e temem

pelo medo

de não

serem reis.

 

Ah! mil léguas de  dor!

traídas pelo tempo!

 

Cujo, tem nome:

é medo.

 

O corretor

de guerras

teme os

alheios,

e os visigodos

pois podem perder

a marmita de

ouro

que lhe são entregues

todo o tempo.

 

Perco a hora

mas não perco

pela honra !

E zera o tempo,

e faz costume

de areias perdidas !




























 

 

e foi assim,
se não foi,
foi parecido.

 

foi, porque,
se disser,
pouca nela
vão acreditar,
nem mesmo
a falecida
memória.







Amor em Vermelho

 

 

teve roda-de samba,
laranja-da-terra,
pó-de-arroz,
enfeite de mulher,
tranças
perfumadas,
e amor às pampas,
na rampa
dos  desenganados.

 

teve estrela
que desceu do céu,
e foi dormir com
a criança
de véu.

 

teve lá fora,
teve lá dentro,
pois os que viram
viram, os que não,
se tornaram tornado
ou vento.

 

foi o dia dos afins,
com banda de música,
chocolate e pão de roça,
tudo sem fim.

 

teve mulher que largou
homem,
e foi pro escorrega
de criança, ver a vida
passar,
mas 
teve também
 a pobre donzela,
que morreu
entre as luzes
de panelas !

 

era gente
e mais gente,
mas no meio
de tudo, não
havia um pingo
de gente.

 

tudo só,
silencio de bastar,
falar era pouco,
pois comiam doce
de fartar.

 

a história aqui
termina.

 

termina
com a festa que não teve,
com amores apagados
e políticos que mal
morreram,
com a vida alagada,
de vossa
excelência.

 

e aqui termina
onde nem começou,
se você entendeu
fez bem: é bom
até pra falar
em todas
as esquinas.

 

agora, bate
uma porta,
e fecha outra,
pois a vida é de
arder !

 

pego meu boné de
palha e já vou,
lá longe me espera:
seu mané da cachaça
e a mulher de traços,
mas  sem asas pra
voar,
só vestida de
cascalho
e sem vida
prá retornar !

 

e você fecha as portas
que eu cuido das janelas,
conta outra mentirinha,
que eu vou viver
é na casa dos velhinhos !

 

e a página ficou
sem dono,
porque as letras
dela sumiram,
e o poeta morreu
de pobre,
feito
flor ao léu.

 

pela lógica,

que nunca teve lógica,

ele era o poeta
da vez,
mas lhe tiraram
a vez,
pois ele morreu
antes,

muito pobre,
vestindo saudades
e  um chapéu de palha.

 

E, o 

pior ou melhor,

ele sabia que era sua 

a vez !









 

A Corda e o Coldre

 

 

 

Feltros sem cor definida
se espargem e cobrem
o caminho de pedras,
ao vagar do vento doce
de primavera,
suavizado pelo sol ameno,
que rebate colorido
o vôo dos pássaros.

Nada mais pode
nos separar,
nem os frutos amargos
da vida,
nem as brumas de
inverno, que se acotovelam
ao sopé da montanha,
que a guarda inocente,
sem saber que ela, mais atiça, 
inicia o caos, quando
começar o seu vago.

E já são tão populares as perdas,
que se disseminam em cada um
de nós;
já é tão popular a ferida
que se abre ao breve adeus,
sem palavras, sem sentido,

E as perdas são solitarias e avessas.

 

Lápides silenciosas guardam lá
seus segredos,
ruminam ansiedades de vida,
mas a alcova eterna as prende,
num céu convulso,
onde a metade é luz e outra
é breu.

E nesse caminho,
sigo eu:
de chinelas de palha
procurando atravessar
toda esta relva,
que, para mim , é meu início,
feito e bordejado no céu,
pra nunca mais acabar.

Sou fruto da corda
e do coldre,
faço da vida meus
sonhos sem nome;
sou fruto de feltro
e do feiticeiro azulado,
e me apaziguam somente
as ideias de que não estou
mais aqui.

Quem vive aqui é outra pessoa. Minha sombra teimosa é que rumina me passado

 






 

 

]

 








Se Morrendo de Amor

 

 

 

Coisas da alma, 
sobretudo dos espíritos, 
meia-água de perdão, 
que invade agora 
nossa solidão. 
 
Estar junto já 
vale pouca coisa; 
é como beber 
um vinho doce 
e, no fim, se perder 
no aguardente. 
 
Não foi por mal,
nem por vaidade, 
foi a engrenagem da vida: 
uma hora pra frente, 
outra pra trás; 
sem maldade, pois,
apenas ela 
tinha piedade. 
 
E chega a hora
do igual.

A gente vê as coisas 
cairem lentas,
como um dia sombrero que 
se esvai, 
como as pétalas amaciadas 
das figueiras se deixam 
e se partem ao vento. 
 
A gente vê isso o dia 
inteiro, é certo, 
mas quando a gente 
se vê dentro de 
uma história de amor, 
é outro capítulo 
pra ver de frente,
é quando surgem
do inesperado
ramos de lágrimas
e dor. 
 
Ai dói mais.
 
É uma lança de 
duas pontas, 
tão arfado como um raio 
de sol. 

Então no seu interior
você resolve a se morrer.

 

(Texto dedicado à Ticiana )

 



















 

Depois, É Grande Problema de Hoje

 

 

 

O tempo comeu!

O tempo fez de conta
que não viu,
deixou passar,
ficou assim,
eu com suspeitas de
saudade,
você  lânguida
você sempre
me fugindo,
e eu, sem eiras
e beiras
recrutei o acolá.

 

Sozinho fiquei
no fim da estrada
onde começava outra
e terminava sem fim.

 

Pois,
a criança levou,
a fada crismou,
o pai chorou,
a mãe, ensandecida, 
se partiu.

 

Enquanto você sonha,
pensa que
você fez parte de 
alguma coisa.

 

Depois, tudo passa,
entra a realidade.

 

E nesse fim sem fim,
fico a meditar
como um santo
meio suspeito,
e penso medroso:
mas até lá,
ou até aqui,
a paisagem levaram ?

 

E só me deixaram
partir
quando eu assinei
o precatório
do vazio !
E virei lei
sem agravo
de amor.

E aprendi que

o grande problema 

do amor, quase

perfeito, está

no dia de amanhã.

 

(Poesia dedicada à Ticiana )

 



















 

Par De Um

 

 

Moinho que assola

o vento,que

reduz a paisagem

ao pó nesgo,

tremeado de raios

de sol: uma pura aragem

do tempo que se condiz e só

quer passagem.

 

Viro rotina da  horas

ao pé do vale incauto;

viro empezinhos

de cravos, e lauto

lá me pergunto.

 

Se você foi feita

pra ser marfim de rosas,

sem espinhos,

o que me resta senão

cantar o canto,

sem qualquer perdão,

que me embrenha toda hora,

por sem trilhas,

todos estes caminhos

sem nós dois?

(Poesia dedicada à Ticiana)











 

 

Proveito das Flores

 

 

 

feri sem querer,

feri o vôo

da garça,

o tempo do

nada,

o aproveitos

de flores.

 

feri sem querer

e feri tudo.

 

batia sol,

em nuvem,

dançava

a lua.

 

me perdi

por dizeres

da carne.

 

e fui prá outra

parte;

a que dói mais,

de mais famigerada

cor:

a plena ausência

 

tudo por outra,

avalanche de

potros,

descambos

de lanche

em pleno escombro.

 

hoje, ela veio

tudo a saber.

 

fui cruxificado

no aço da vida

e perdi

a quem mais

alado amor

queria.

 

hoje,sozinho,

sei que nada

sobrou

nem dos campos,

dos poucos sonhos.

 

o pouco de

mim feriu

a outra

e ainda

paguei

alguns vinténs.

 

azar falido!

azar de

demóclides!

 

(Poesia dedicada à Ticiana )

 




















 

Roça o Rosto

 

 

 

Roço o rosto,
levito o suave,
medro o palmo
e faço o terno.

 

Pulo de dois,
na cerca da vida,
empurro bois,
cavalgo alados
tudo à procura
dos pacatos.

 

Roço o rosto
faino a dor
repasso o torto
 e a voz dela fica
em pé, firme, e com
azul de cor.

 

Roço o rosto
tento a paz e o silêncio
neste campo de sol
nesta vesga aparente.

 

Ando à passso,
corro por ruas
e enviezo por avenidas,
quase nuas.

 

As gentes se foram
pra algum lugar
perto de algum
fim de mundo.

 

Não fui, por receio
e medo,
fico permeio 
entre a água e a luz.

 

Por isso, e agora,
o encarregado sou eu,
sou eu que faço e refaço,
sem pensar em dor ao léu.

Se sou seu, faço por mim.

mas não posso esquecer,
jamais,
que um dia fui seu...
na corda bamba,
mas fui.


Seu tenente, puxa a boina
lá vou eu passar,
sem tiros de fuzil,
mas vou passar,
por toda essa vida
sem ser, ao menos,
funil de água doce !

 

(Poesia dedicada à Ticiana )

 





















Vinhos e Amoras

 

 

esperança

é  sentar

ao lado

da vida,

e julgar-se

dono

de

vários

mundos

em um

só.

 

esperança

é botejar

sobre

as  águas

sem portos,

e esperar

as marés

das águas,

se unirem,

num sopro

de vinho

de amoras

e pêssegos.

 

esperança

é deixar

escorregar

suas mãos

por entre

nossos

dedos

e pedir,

logo

ao tempo,

que se abra

em dois,

e

a comitiva

de deuses

seja

sempre

de chegada

sem partida,

de alegria

sem mortos e

sem

desencanto,

que também,

um dia também

amaram

a vida

e velejaram

também por portos

de águas.

 

amores famosos!

cheio de honras,

amores formosos!

Ah! doce aurora!

 

(Poesia dedicada à Ticiana )

 





















 

José Kappel
Enviado por José Kappel em 03/02/2023
Reeditado em 21/12/2023
Código do texto: T7710291
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