PERENE POEMA
Eu não tenho travas.
Apenas marcas...
E soltas palavras.
Eu não tenho trancas!
Apenas manchas...
E nenhuma aliança.
Eu não tenho sonhos!
Apenas estranho...
Jamais me acanho.
Eu não tenho espantos,
Procuro um canto
E encosto meu pranto.
Eu não tenho saudade,
Apenas vontade!
Já passei da idade.
Eu renego o mundo...
Acho tudo absurdo!
Meu entorno é um muro.
Eu não calo a boca!
Sei que rimo a toa,
Mas meu canto ecoa...
Eu não tenho mais temas,
tenho apenas fonemas...
Sou perene poema.
Ao raiar do meu dia...
Eu engulo a agonia,
E me rendo à poesia.