A Via Láctea agora se chama Roxana

Acordado após a meia noite, um maníaco depressivo ilumina a escuridão da noite através das frestas de seu coração partido, por onde a luz escapa. Não existe tristeza, apenas a maturação natural de um coração cansado de esperar por um ideal que atenda suas expectativas mesquinhas. Não há dores, há anestesias naturais: o perfume das cinzas de amores queimados figurando incensos celestiais. Flores que desabrocham e encantam o mundo. Cenas de animais encantadores harmonizando suas vidas em eventos memoráveis. Sorrisos que nascem destes episódios, presentes da contingência da natureza.

Mas deitado no pico mais alto da sua cidade natal, um maníaco depressivo toma seu coração em suas mãos e contempla as rachaduras alí existentes. Dentro do coração quente, febril, um fogo implorando por combustíveis vitais, e em cada não colhido, tudo é convertido em carvão; o carvão primordial que inflama o mundo e provoca o efeito estufa que faz da terra a Estrela Dalva. A chama insana do coração que é rocha, rocha transparente com seis rachaduras cicatrizadas formando seis letras. Nas mão do maníaco depressivo, o coração gira, como um pião, e pelas frestas do coração a luz escapa, fenômenos astronômicos incompreensíveis confundem astrônomos e estrelas da via láctea e da galáxia de Andrômeda. A Luz da estrela Alpha de Centauro se apaga de vergonha. O fogo do amor queima as páginas de todos os livros de física pois é preciso reinventar toda a história da ciência para explicar este novo fenômeno que repórteres do mundo todo estão ansiosos por divulgar, fazendo toda a rede de dados entrar em colapso. A velocidade da luz agora é multiplicada por valores hiperbólicos. A velocidade da luz agora é tida com a velocidade da luz do coração do Luiz. O peso da luz que brilha inverte a rotação da terra e o tempo volta para trás. Em um outdoor celestial, um coração trincado e petrificado reflete seis letras na escuridão do céu. A Via Láctea tem outro nome, a Via Láctea agora se chama Roxana.