A VISITA

 

Dona Lurdes não recebia visitas há anos. A casa, empoeirada e cheia de lembranças, parecia adormecida no tempo. Quando ouviu a campainha tocar, seu coração disparou. Abriu a porta com um misto de medo e esperança. Lá estava um jovem, bem vestido, com uma pasta debaixo do braço. 'Boa tarde, senhora. Sou advogado. Vim falar sobre a herança que a senhora recebeu de um parente distante.' Ela arregalou os olhos. Não tinha parentes. O jovem entrou, e conforme ele falava sobre terras e dinheiro, Dona Lurdes mal podia acreditar. Era uma fortuna. O advogado, então, pediu que ela assinasse os documentos. A mão trêmula mal segurava a caneta. Quando terminou, ele se despediu, prometendo voltar em breve. Ela nunca mais o viu, e a fortuna... se perdeu no silêncio daquela tarde.

 

Cachoeira do Arari, Pará, Brasil, 17 de agosto de 2024.
Composto por Manoel da Silva Botelho.
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