O BILHETE DA FORTUNA

 

Quando João recebeu a notícia de que ganhara na loteria, sua primeira reação foi de descrença. Olhou para o bilhete e releu os números. Todos coincidiam. Não sabia como reagir. Era um homem simples, que nunca teve grandes ambições. A fortuna não mudaria sua vida, pensou. Foi à padaria, como fazia todos os dias, e pediu um pão na chapa e um café. Olhou ao redor, imaginando como seria se todos ali soubessem que ele agora era milionário. Seria diferente? Talvez. Guardou o bilhete no bolso, deu uma última mordida no pão e, ao sair, deixou uma generosa gorjeta para o atendente, algo que nunca fizera antes. Ao atravessar a rua, o som de pneus cantando foi a última coisa que ouviu.

 

Cachoeira do Arari, Pará, Brasil, 17 de agosto de 2024.
Composto por Manoel da Silva Botelho.
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