Voejando
O sol ardia e fogueava o cabo da enxada. As mãos calosas que labutavam desde cedo não deveriam sentir mais o metal abrasando mas, de repente, soltaram o cabo da ferramenta que foi ao chão como que exausto e agradecido.
Os olhos risonhos, ao ver uma joaninha que abria suas asas miúdas como se ensaiasse o primeiro vôo, brilharam como o sol.
Vagarosamente o velho trabalhador aproximou seus grossos dedos até às folha da roseira já sem vida e o inseto caminhou meio desajeitado para encimar aquela pele quente e escurecida. Delicadamente ele a levou até um vaso de antúrio que, viçoso, guardava altivo a entrada da casa. Mas para sua surpresa o pequeno inseto alçou vôo rapidamente, confundindo seu atento olhar que vagueou feliz pelo pano de extremo azul, enfeitado ao centro, pela estrela radiante.